O problema oculto da obesidade no mundo

Por Ivani Manzo

A luta contra a obesidade é árdua e parece sem efeito. Em todos os jornais, revistas e mídias sociais, vemos com frequência notícias sobre o aumento da obesidade mundial. Os motivos já foram largamente falados e escritos não apenas aqui, no Gazeta News, como em muitos outros.

Talvez o lado que ainda não tenha sido devidamente abordado é o lado econômico de quem não é obeso. Isso mesmo, mesmo quem não é obeso sofre as consequências da obesidade no mundo.

Inicialmente, vamos lembrar que a obesidade está longe de ser um problema estético. Não passa nem perto disso. A obesidade é, sim, uma enfermidade causada por vários fatores. O lado econômico disso tudo fica um pouco, se não muito, escondido. Por exemplo: você sabia que existem mais de 2,1 bilhões de obesos no mundo e que morrem 5 pessoas por minuto devido à obesidade? Um número alarmante e que poderia ser diferente se houvesse mais esclarecimento.

A obesidade custa para a economia americana $500 milhões de dólares por ano, e quem paga a conta somos nós. Um obeso custa por ano $3,270.00 dólares e um não obeso $512 dólares. Os empregados obesos têm 25% maior chance de adoecer e isso aumenta o custo dos seguros, por exemplo. O prejuízo não fica para o governo e para as empresas, sem dúvida tudo isso é repassado na forma de altos preços e impostos.

A Shell Oil Company mostrou resultados que evidenciam que os empregados obesos usaram duas vezes mais os “paid day off”. Assim, a obesidade custou para a população $4.5 bilhões de dólares repassados na bomba de gasolina.

Outro dado interessante é que se a média de peso das pessoas fosse a mesma de 1960, menos peso seria transportado por carros e aviões. Esse peso extra promove uma queima extra de 1,3 bilhões de litros de gasolina por ano. Claramente, há um aumento no custo das passagens aéreas e da poluição do ar. A obesidade infantil custa aos americanos $14,3 bilhões de dólares por ano e estas crianças têm grande possibilidade de se tornarem adultos obesos.

Mas, sabendo de tudo isso, por que nada muda? Bem, alguém está levando vantagem nisso tudo. Vejamos alguns números. Em 2008, apenas o medicamento de combate ao colesterol, Liptor, da Pfizer, arrecadou sozinho $13,6 bilhões de dólares em vendas. Outro dado interessante é que o coordenador do Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos (Idum), Antonio Barbosa, afirmou em audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor que, atualmente, no Brasil, não existe nenhum medicamento que tenha margem de lucro inferior a 600%. Além disso, a indústria farmacêutica doou R$ 890 mil para senadores que liberaram inibidores de apetite.

A indústria alimentícia também ganha parte desse filão. O lucro em suplementos ultrapassou os $200 bilhões de dólares em 2014. A indústria alimentícia é a terceira em ganhos, perdendo apenas para os bancos e indústria farmacêutica. Então, mesmo quem não é obeso sofre e paga muito pela obesidade mundial.