Produzida na Flórida, “Pílula do câncer” será vendida online como suplemento

Por Gazeta News

pilula do câncer cecilia bastos USP Imagens
[caption id="attachment_137454" align="alignleft" width="300"] "Pïlula do Câncer" está sendo produzida na Flórida. Foto: USP Imagens[/caption]

A produção e comercialização da fosfoetanolamina sintética como droga anticâncer chegou a ser autorizada no Brasil, em abril de 2016, através de um projeto de lei aprovado no Congresso e sancionado pela então presidente Dilma Rousseff. Na época, a discussão estava sob forte pressão política e popular. Entretanto, o STF, já no mês seguinte, suspendeu a legislação por falta de evidências científicas da eficácia do medicamento.

O biotecnólogo Marcos Vinícius de Almeida e o médico Renato Meneguelo, que colaboraram com o químico Gilberto Chierice no desenvolvimento inicial da fosfoetanolamina sintética, no Instituto de Química da USP em São Carlos, são hoje os responsáveis pelo novo produto – que está sendo produzido por um laboratório da Flórida e que será comercializado a partir de 16 de março para todo mundo, através de e-commerce, como suplemento alimentar.

A dupla está anunciando a venda online de fosfoetanolamina sintética, que no Brasil ficou conhecida como "pílula do câncer", sem dizer que o produto é utilizado para tratamento da doença, apesar de ser este o grande apelo comercial no Brasil. Neste caso, contudo, nem poderia uma vez que seria necessário antes se enquadrar na regulamentação de medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e não há até agora nenhuma comprovação científica de que a substância funcione, de fato, no combate ao câncer.

O custo previsto é de R$ 3,80 por cápsula, e Almeida e Meneguelo deverão receber 2,5% disso na forma de royalties. Um site irá comercializar a substância – que terá produção inicial de 500 mil cápsulas, será feita pela empresa Florida Supplement e distribuída pela Quality Medical Line, via contrato com um laboratório uruguaio chamado Federico Diaz, com o qual a dupla brasileira estabeleceu uma parceria.

A propaganda do produto informa que a fosfoetanolamina atua como "um poderoso bio imunomodulador que age de forma constante e preventiva a distúrbios metabólicos e celulares, mantendo o equilíbrio e o bom funcionamento do sistema imune e da saúde humana".

Um dos anúncios colocados pela empresa no Facebook, porém, mostra uma mulher careca com a frase "Não desista!" - uma imagem que remete à luta de pacientes contra o câncer. Segundo Marcus Vinícius, a substância que está sendo produzida na Flórida é "idêntica" à que era produzida em São Carlos, entretanto, sintetizada por um método diferente, para o qual eles estão solicitando uma patente nos Estados Unidos. "O que muda é o rendimento da síntese e a pureza do sal", detalhou. Além da fosfoetanolamina, o suplemento contêm cálcio, zinco e magnésio.

Segundo Meneguelo, haveria a possibilidade de produzir a substância como suplemento aqui mesmo no Brasil, mas levaria pelo menos dois anos para cumprir todas as exigências da Anvisa. "Prefiro receber críticas do que ficar assinando atestados de óbito", disse. Almeida disse que a fosfoetanolamina já é comercializada como suplemento nos EUA há muitos anos, e que o registro do produto nos Estados Unidos seguiu todos os trâmites legais.

No site da Anvisa é possível encontrar material oficial da agência sobre a fosfoetanolamina".