Programa de vistos vira atrativo para investidores de hotéis

Por Gazeta News

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Quando a Marriott International quis abrir um novo hotel no centro de Seattle, os desenvolvedores da empresa não venderam ações, assumiram hipotecas ou usaram outras formas tradicionais de financiar o projeto de $88 milhões de dólares. Em vez disso, eles levantaram o grosso da quantia junto a imigrantes ricos que queriam obter um “green card”.

De acordo com o “New York Times”, um programa do governo, que concede vistos EB-5 a estrangeiros que investem ao menos $500 mil dólares em negócios nos Estados Unidos, é hoje uma fonte popular de financiamento para novos hotéis da Marriott. Desde o contrato de Seattle, em 2008, a empresa aprovou 14 projetos que usam financiamento EB-5, incluindo o Marriott do centro de Milwaukee, um Courtyard Marriott em Manhattan e um hotel de $168 milhões de dólares próximo ao Staples Center, em Los Angeles.

“Isso criou liquidez num mercado relativamente ilíquido”, explicou Anthony Capuano, diretor de desenvolvimento do Marriott.

O programa EB-5 existe desde 1990, mas pequenos desenvolvedores de hotéis começaram a migrar para a prática na esteira da crise financeira de 2008. Eles não tinham muita escolha. Com a economia e o mercado de viagens em baixa, muitos projetos travaram ou foram cancelados quando os financiamentos evaporaram. Mesmo agora, com a base do setor melhorando e as taxas de ocupação crescendo, é difícil conseguir dinheiro – caro para alguns, inexistente para outros.

O governo federal dos EUA oferece uma alternativa. Nos termos do Programa de Investidores Imigrantes do Serviço de Cidadania e Imigração, estrangeiros podem obter vistos EB-5 – basicamente um status de residência temporária – investindo $1 milhão ou $500 mil dólares em regiões de alto desemprego, num empreendimento comercial que gera 10 empregos ao longo de dois anos. Essa se mostrou uma fonte relativamente barata de financiamento.

Os desenvolvedores de hotéis podem levantar dinheiro através do programa EB-5 oferecendo retornos de menos de 4%. Em contraste, as taxas de juros sobre dívidas começam em 6%, com algumas formas mais arriscadas de financiamento chegando a 10% ou mais. Investidores que assumem uma participação acionária num projeto hoteleiro buscam retornos de 20%.

“Os estrangeiros estão comprando vistos, com uma preocupação muito menor quanto ao retorno que ganham sobre seus investimentos”, afirmou David Loeb, analista sênior da Robert W. Baird.

Apesar das potenciais vantagens, os grandes atores do setor foram inicialmente cautelosos. Muitos o classificaram como um programa marginal para projetos questionáveis, que não conseguiriam financiamento de nenhuma outra forma. Eles também se questionavam como os desenvolvedores conseguiriam reunir 200 investidores para bancar um projeto de $100 milhões de dólares.

Nos últimos 18 meses, os desenvolvedores da Hilton Worldwide, Hyatt Hotels e Starwood Hotels and Resorts Worldwide voltaram-se ao financiamento EB-5. Em julho, a FelCor Lodging Trust anunciou planos de levantar $45 milhões de dólares pelo financiamento EB-5 como parte de seu projeto de $230 milhões para requalificação do Knickerbocker Hotel, na Times Square. Sam Nazarian, o magnata hoteleiro famoso por seus hotéis, restaurantes e casas noturnas cheias de celebridades em Los Angeles, pretende construir o primeiro hotel SLS em Nova York – com dinheiro do EB-5.

Neste ano, o governo emitiu 3.002 vistos temporários através do programa, frente a 640 em 2008. A maioria foi para imigrantes chineses, e muitos foram entregues a investidores britânicos, indianos, holandeses e sul-coreanos.

O programa vem sendo um bom negócio para hotéis, que criam empregos diretos – atendentes, faxineiros e gerentes – e indiretos – para as empresas que fornecem toalhas e outros suprimentos.

O hotel do Marriott que está sendo construído em Los Angeles, com 377 quartos, deverá gerar 4.240 empregos diretos e indiretos até 2016, acima de sua meta EB-5, de 3.360.