Promotora da ONU acusa Vaticano de esconder suspeito de crimes de guerra

Por Gazeta Admininstrator

Uma das mais conhecidas promotoras a serviço da Organização das Nações Unidas (ONU) acusou nesta terça-feira o Vaticano de estar ajudando a esconder o suspeito de crimes de guerra mais procurado da Croácia.
Carla Del Ponte, promotora-chefe do Tribunal Criminal Internacional para a Antiga Iugoslávia, com na cidade holandesa de Haia, disse acreditar que o general Ante Gotovina está escondido em um mosteiro croata.

A porta-voz de Del Ponte disse à BBC que o Vaticano tem se recusado a colaborar na busca por Gotovina. A porta-voz, Florence Hartmann, também disse que o Vaticano se recusou a fazer uma advertência a um bispo croata que teria dito que Gotovina era um herói por expulsar forças sérvias da Croácia em 1995.

O Vaticano se recusou a comentar a acusação, mas estaria preparando uma declaração sobre o assunto. Por sua vez, um representante da Conferência dos Bispos da Croácia rejeitou a alegação, dizendo que os líderes da igreja não têm idéia de quem é Gotovina.

Herói

Gotovina é acusado da morte de 150 civis sérvios em 1995.

No início do ano, a União Européia disse que o fato da Croácia não prender Gotovina estaria atrasando as negociações para o ingresso do país no bloco.

Homens armados sob o comando de Gotovina são acusados de matar e de expulsar de até 200 mil sérvios da região de Krajina, que agora pertence à Croácia.

Muitos na Croácia o consideram um herói nacional.

O governo croata insiste que está fazendo todo o possível para capturar e entregar Gotovina para o tribunal de crimes de guerra em Haia.

Obrigação

Del Ponte disse ter escrito ao papa Bento 16 em julho desse ano para assegurar a cooperação da Igreja, mas a porta-voz da promotora disse que o pontífice ainda não respondeu a requisição de um pedido.

Em entrevista ao jornal britânico Daily Telegraph, Del Ponte disse acreditar que Gotovina "está escondido em um mosteiro franciscano e que a Igreja católica o está protegendo".

"Levei o assunto ao Vaticano, e o Vaticano se recusa totalmente a colaborar conosco", disse ela.

Ela também é citada pelo jornal dizendo que o ministro das Relações Exteriores do Vaticano, o arcebispo Giovanni Lajolo, disse a ela não saber do paradeiro de Gotovina e que o Vaticano não é obrigado a ajudá-la.

O secretário pessoal de Lajolo não quis comentar a alegação.