Prostituição é o caminho escolhido por muitas brasileiras no sul da Flórida

Por Simone Raguzo

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Mesmo com a grande recessão vivida nos últimos anos, os Estados Unidos ainda é visto como um país das oportunidades, que além da qualidade de vida, oferece bons salários, recebe-se em dólar - mais valorizado do que o real -, sendo uma oportunidade para se fazer um ‘pé de meia’ e depois recomeçar a vida no Brasil. É esse o pensamento de muitos imigrantes, que chegam à América de forma ilegal, sem permissão para trabalhar, e dão de cara com muitas dificuldades, a começar pela econômica.

Diante da realidade, nem tudo acaba como o planejado e muitas mulheres, estando longe dos olhos de amigos e familiares, optam por uma profissão rentável: a prostituição.

E foi nesse meio que, na última semana, foi desmacarado um esquema envolvendo brasileiras. Denise McCoy, 34 anos, e Sara Marin, 42 anos, foram presas em Boca Raton, na noite do dia 22, acusadas de coordenar um esquema de prostituição e lavagem de dinheiro. Ambas aparecem em seus perfis no Facebook como Denise Chcrapetz e Sara Abdala.

A prisão aconteceu após a denúncia de outra brasileira, identificada como Carla Sardinha, que havia sido detida pela polícia de Imigração. A mulher disse que foi forçada a trabalhar como prostituta em Boca Raton por nove meses. Ela chegou aos Estados Unidos em agosto de 2011 e se encontrou com Sara, após tê-la conhecido pela internet.

A agenciadora teria contado a Carla que possuía um serviço de acompanhantes e oferecido um emprego. Em setembro, Carla ligou para Sara, mas quem atendeu foi a sócia Denise, que teria dito a ela que o trabalho não envolvia contato sexual. Porém, quando Denise descobrira que Carla não possuía documentos para ficar no país, teria começado a chantageá-la, dizendo que a denunciaria para a Imigração, caso não tivesse relações sexuais com os clientes.

Pelo menos seis prostitutas com idades entre 21 e 30 anos se encontravam com homens em dois apartamentos no sul da Flórida, sob os serviços comandados pelas duas brasileiras. Elas geralmente cobravam $200 dólares por hora, e metade era pago às donas do negócio. Os pagamentos eram a única fonte de renda de Sara e Denise, segundo as autoridades.

Os serviços, anunciados pela internet através do nome “Sara’s Entertainment Service”,  rendiam milhares de dólares às mulheres. Sara vivia em uma casa de seis quartos em Canyon Isles.

Denise é casada com o policial americano, Samuel McCoy, que não foi preso e não é alvo de investigações, segundo John Vecchio, supervisor de crimes violentos do centro regional de polícia da Flórida.

Samuel tem sua carreira marcada por afastamentos por má conduta, como assistir pornografia em horário de trabalho, fotograr seu órgão genital no estacionamento do seu local de trabalho e estar cadastrado num site de swing. Após a acusação contra sua esposa, McCoy está em lincença administrativa.

As duas brasileiras presas enfrentam acusações de lavagem de dinheiro e por contratar prostitutas e usar os lucros delas. Sara e Denise não devem ser indiciadas por tráfico humano, porque as autoridades não encontraram provas sobre isso. “Não encontramos nada que nos faria acreditar que (as prostitutas) estavam trabalhando contra a própria vontade”, disse Vecchio ao “The Palm Beach Post” .

“Era uma exploração” Andreia Benoliel, 31, é uma das brasileiras que acabou seguindo o caminho da prostituição. Com o visto de estudante cancelado pela escola, após passar um ano e meia em Nova York e New Jersey,  a carioca chegou ao sul da Flórida como uma indocumentada.

Procurando por emprego num jornal brasileiro de classificados, deparou-se com o anúncio da “Sara’s Entertainment Service”, oferecendo vagas para acompanhantes (escorts). Andreia entrou em contato e Denise foi buscá-la em casa, para conhecer o “local de trabalho”, em Boca Raton.

“Ela disse que ficava neste apartamento do meio-dia às 8pm, e que mandava de sete a oito clientes (para cada uma), que pagavam $200 dólares cada um, sendo que metade desse valor ficaria para ela”, conta a brasileira. “Fiquei um dia lá e não gostei. Para você ganhar $500, $600, $800 dólares, tinha que ficar com seis, sete, oito homens por dia. Era uma exploração. As meninas ficavam lá aprisionadas”.

Entretanto, Andreia garante que nenhuma das mulheres era forçada a trabalhar para a dupla. “Elas não eram forçadas a nada, tanto que eu não quis ficar e fui para outra agência”.

Andreia passou a trabalhar para outra brasileira, em Fort Lauderdale, até ser presa. Ela diz que não sabia que esse tipo de serviço era ilegal, e foi surpreendida quando um agente da polícia se disfarçou de cliente.

Andreia passou três semanas presa, sendo que ficou na cadeia de Broward por uma semana, até ser transferida para a prisão de Imigração, também em Broward. No local, ela conheceu outra brasileira que trabalhava para Denise e Sara. “Ela trabalhou para elas por dois anos e não foi deportada porque tem um filho e sofria de violência doméstica no Brasil. Hoje ela ainda vive em Deerfield Beach e continua sendo garota de programa”, conta Andreia, que optou que pela deportação voluntária, mas sonha em voltar aos Estados Unidos para trabalhar, agora, como real estate.

* Com informações do “The Palm Beach Post” e colaboração de Marisa Arruda Barbosa.