Prostituta brasileira decide processar embaixada dos EUA

Por Gazeta News

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Os advogados da dançarina e garota de programa ferida em um incidente com quatro funcionários americanos da embaixada dos Estados Unidos em Brasília disseram, no dia 25, que irão processar a representação diplomática pedindo reparação moral e estética e ressarcimento de gastos médicos.

O Ministério Público decidiu que não se trata de um crime de trânsito, como concluiu o inquérito policial, e encaminhou o caso para a área criminal, que decidirá se denuncia os quatro americanos e o motorista brasileiro da van blindada da embaixada que teria atropelado Romilda Aparecida Ferreira, 31 anos, em dezembro. A reportagem é do “Terra”, com informações da “Reuters”.

O incidente ocorreu quando os norte-americanos, três deles fuzileiros navais que trabalhavam como seguranças da embaixada e um funcionário civil, deixavam uma boate de Brasília no carro diplomático com quatro garotas de programa. Depois de uma discussão com o motorista, segundo o relato de Romilda, ela foi retirada à força da van por um dos norte-americanos, caiu para baixo do veículo e foi atropelada. Os homens deixaram o local sem prestar socorro, eles reconheceram em depoimento à polícia.

O episódio veio a público nos últimos dias, pouco depois de outro caso envolvendo agentes secretos dos Estados Unidos que levaram prostitutas ao hotel em que se hospedavam com a comitiva do presidente norte-americano, Barack Obama, em Cartagena, na Colômbia. O caso da brasileira está a cargo do escritório do advogado Cezar Britto, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ele afirmou que houve pelo menos dois meses de tentativas de negociar com a embaixada o ressarcimento. Segundo os advogados, apenas os gastos médicos ultrapassam 50 mil reais.

"Nosso interesse era que houvesse um tratamento digno e de respeito para com uma mulher brasileira que estava em nosso país e que foi desrespeitada por um carro da embaixada americana", disse Antonio Rodrigo Machado, um dos advogados da dançarina. A embaixada americana foi muito arrogante", afirmou Machado, acrescentando que o governo dos Estados Unidos chegou a pedir uma proposta de acordo que incluía uma cláusula de sigilo para evitar a publicidade do caso. Romilda deslocou a clavícula, quebrou duas costelas e teve o pulmão perfurado.

O inquérito policial, que classificou o episódio como um crime de trânsito, indiciou o motorista brasileiro por omissão de socorro e lesão corporal culposa. Já o norte-americano que forçou a garota de programa para fora do carro foi indiciado por omissão de socorro. Em entrevista à Reuters nesta quarta-feira, Romilda afirmou que ela e três colegas encontraram os quatro norte-americanos em uma boate onde ela trabalhava como dançarina e garota de programa havia três anos. "E assim como outra noite qualquer, sentamos com os rapazes para beber, conversar. Combinamos os valores e para a casa de quem íamos...E na van rolou um estresse comigo e o motorista da van", disse ela.

Segundo a mulher, o motorista ligou para um dos norte-americanos que seguia em um táxi atrás da van relatando que estaria sendo ofendido pela dançarina. O estrangeiro, então, teria ido até o veículo para retirar Romilda à força. "Eu bati a cabeça e desmaiei...Ele bateu na van pedindo para seguir em frente...eu caí por baixo (do carro) e a traseira (da van) passou por cima de mim", disse ela. Os norte-americanos, que prestaram depoimento à polícia, deixaram o país, informou a embaixada dos Estados Unidos, que disse ainda ter colaborado com as investigações.

Em visita a Brasília, no dia 26, o secretário de Defesa norte-americano, Leon Panetta, afirmou que os Estados Unidos "não vão tolerar esse tipo de comportamento nem no Brasil nem em qualquer outro país" e anunciou a punição dos fuzileiros. Romilda disse ainda que durante os 12 dias em que ficou internada foi visitada por uma representante da embaixada e um advogado, que ofereceram uma compensação de cerca de R$ 4 mil, que ela não aceitou. Ela afirmou que não quer voltar a ser garota de programa e agora trabalha em um pet shop nos arredores de Brasília. "Eles (a embaixada) não me deram assistência nenhuma", afirmou ela.

Em declaração, no dia 25, um representante do Departamento de Estado dos Estados Unidos afirmou que a mulher abriu a porta do veículo em movimento e caiu. A promotora de Justiça Laura Beatriz Rito contou à “Reuters” que um dos norte-americanos chegou a dizer à polícia que eles não conheciam as mulheres e apenas estavam dando uma carona até a rodoviária. Já outros confirmaram a versão de Romilda, mas não explicaram o motivo de não terem socorrido a vítima. "Delito de trânsito não existe, mas tem que se investigar se houve intenção de lesão", afirmou a promotora.