Quadrilha aluga passportes roubados para entrada nos EUA

Por Gazeta Admininstrator

Um grupo de traficantes de pessoas (coiotes) em Ciudad Juárez, cidade mexi-cana na fronteira com os Estados Unidos, aluga passaportes roubados àqueles que têm certa semelhança física com o dono do documento e querem atravessar a fronteira, informam meios de comunicação mexicanos.

Os interessados chegam a pagar $470 pelo empréstimo do passaporte, que, uma vez concluída a travessia para o Texas, têm que ser devolvidos aos integrantes da quadrilha por uma pessoa que acompanha o imigrante.

Segundo a imprensa local, os imigrantes em potencial contratam pessoas perto da ponte internacional de Santa Fé, tiram uma foto em uma casa e a comparam com as de centenas de passaportes roubados que a quadrilha tem em seu poder em outro local.

Quando encontram alguém bastante parecido, os imigrantes alugam o documento para atravessar a fronteira, um método que “é eficaz”, destaca a imprensa mexicana. Os jornais do México informam que, nos últimos meses, aumentaram os roubos de passaportes em Ciudad Juárez e nos arredores.

Entenda o contexto
Dados do Instituto Nacional de Migração (INM) informam que, no Norte do país, cerca de 500 mil mexicanos emigram para os EUA a cada ano.
A cada dia, milhares de pessoas atraídas pela riqueza da maior potência econômica do mundo, tentam cruzar essa fronteira em busca de uma nova vida. Os que não conseguem, permanecem na região esperando uma nova oportunidade. Esta situação ge-rou uma verdadeira “explosão demográfica” no norte do México, já que além dos próprios mexicanos, multidões de deserdados de quase toda a América Latina para lá se dirigem.

Essa situação gerou enormes bolsões de pobreza que nada ficam a dever às favelas brasileiras. Situação semelhante se repete, em menor escala, no lado norte-americano, como é o caso de McAllen (Texas), considerada a cidade com os piores índices de pobreza em todo os Estados Unidos.
No início da década, estudiosos do tema afirmavam que se o ritmo de imigração se mantivesse, em cerca de 25 anos, mais ou menos 40% dos mexicanos estariam vivendo nos estados localizados junto à faixa de fronteira. Já vivem na região quase 20% dos mexicanos.

Maquiladoras
Esse expressivo crescimento demográfico se explica, também, pelo fato de que foi nesta área que, nas últimas décadas, se instalaram quase 2 mil fábricas de empresas norte-americanas, aproveitando especialmente a baixa remuneração da mão-de-obra mexicana. Conhecidas como “maquiladoras”, estas unidades fabris se localizam em cidades mexicanas junto à fronteira tendo do outro lado uma cidade “gêmea” dos Estados Unidos. De maneira geral, as maquiladoras funcionam da seguinte forma: do lado mexicano ficam as linhas de montagem e do outro lado da fronteira, os setores administrativos.

Há cidades “gêmeas” ao longo de toda a fronteira, como são os casos de El Paso (EUA) e Ciudad Juarez (México), Laredo (EUA) e Nueva Laredo (México) entre outras. A geração de empregos pelas maquiladoras e a emigração para os Estados Unidos aparecem como alternativas para a melhoria de renda da população pobre.

O crescimento das maquiladoras contribuiu também para a formação de uma dinâmica região industrial no México setentrional, atividade que anteriormente estava quase exclusivamente concentrada na região central do país.

A cada dia cruzam a fronteira do México para os Estados Unidos cerca de 1 bi-lhão de barris de petróleo, 400 toneladas de pimenta, 240 mil lâmpadas, além de $ 51 milhões de peças de todo o tipo. A fronteira é também uma faixa de tensão geopolítica devido ao tráfico de drogas, armas e dos fluxos de imigração ilegal.

Escondidas em fundos falsos de cami-nhões, caminhonetes e vans viajam toneladas de remédios banidos por lei, sapatos feitos com pele de animais em extinção, armas de todos os tipos, além de heroína, maconha e cocaína. O combate aos cartéis do narcotráfico é um dos pontos centrais das relações entre México e os Estados Unidos.

Segurança Nacional
O tráfico de imigrantes ilegais tornou-se um problema de segurança nacional também no México. Seu “comércio”, que movimenta cerca de $5 bilhões anuais (dados de 2003), é controlado por máfias com ramificações em todo o mundo.

Nas últimas duas décadas não foram poucos os imigrantes que perderam a vida na tentativa de chegar aos Estados Unidos. Embora parte deles seja capturada pela polícia de fronteira norte-americana e mandada de volta para o México, estimativas apontam que, a cada ano, transitam pela fronteira cerca de 1 milhão de imigrantes ilegais.