Por Atilano Muradas
É comum se ouvir a seguinte declaração: “Ninguém está preparado para a morte, para as doenças ou para a ve-lhice”. Quando alguém fala nessas coi-
sas, alguns fazem o sinal da cruz e ou-tros pedem para mudar de assunto. Principalmente se essa pessoa tem menos de 30 anos.
Essa é a época em que se tem a impressão que nada de mal poderá ocorrer, que todos vivem 80 anos. Ledo engano. A morte, as doenças e a velhice, estão entre os principais assuntos que devem ser tratados em vida, e com o máximo de atenção e falar nesses três temas, inevitavelmente, é falar em seguro de vida.
Muitos povos, incluindo o norte-ameri-cano, já se habituaram a fazer seguro. O brasileiro, no entanto, ainda encara esse assunto com restrição e “imagina” que existam coisas mais importantes a serem feitas antes de se contratar um seguro, pensar na morte ou na velhice.
O corretor de seguros e conselheiro financeiro Charles Lewandowski orienta brasileiros há 30 anos, por isso conhece bem o perfil latino. “Para muitos clientes brasileiros o seguro dental é mais importante. Gasto tempo explicando a eles que o seguro de saúde e de vida são mais importantes. Outra maneira brasileira de pensar é a compra de seguros apenas para os filhos ou a esposa. Comparo isso a comprar um seguro residencial apenas para um quarto da casa.”
Pode não ser muito agradável planejar para depois de sua morte ou de outra pessoa, mas é importante. Logo após a morte de alguém, a família terá despesas com funeral e tudo o mais envolvido. Estando os dependentes muito preocupados e emocionalmente fracos, eles podem precisar de um período sem pensar em dinheiro.
O seguro de vida é um dos mais comuns e importantes tipos de planos de seguro existentes. Entretanto, existem diversos detalhes que se referem a planos de seguro de vida que precisam ser muito bem esclarecidos antes de se decidir por comprar uma apólice.
Antes de comprar um seguro de vida a pessoa deve pesquisar bastante, pois existem várias modalidades e muitos corretores. Em qualquer plano de seguro de vida, existem três partes envolvidas: o dono da apólice, o segurador e o segurado. O segurador, em geral, é uma companhia de seguros, contudo,, freqüentemente, o dono da apólice e o segurado são a mesma pessoa.
Uma quarta parte está também envolvi-da, que é chamada de beneficiário – uma ou mais pessoas que recebem a apólice no caso da morte do segurado. O beneficiário não está incluído como uma parte na apólice já que é designado pelo dono da mesma. Em geral, uma apólice de seguro de vida inclui uma cláusula sobre suicídio, que determina que a apólice fica nula no caso do segurado cometer suicídio – isso dentro de um período de tempo.
Além dos corretores, os bancos também vendem seguros de vida. Eles começaram no negócio de seguro como uma fonte adicional de rendimento e, hoje, vendem seguros e agem como agentes para companhias de seguro. O que o comprador deve observar no momento de contratar o serviço é se o seguro cobre todos os tipos de mortes.
S.Q.* pagou a vida toda um seguro bancário para a família, mas não sabia que só pagariam o benefício se ele morresse por acidente. Como sua morte foi natural, ninguém recebeu seu investimento de anos a fio. Por isso, uma ação importante antes de contratar um seguro é verificar todos os detalhes. Nesse caso, o banco não foi o culpado. O cliente é que comprou e pagou por algo que não sabia exatamente o que era.
Imigrantes sem documentação podem fazer seguro de vida?
Essa é ma pergunta que paira na mente dos brasileiros sem documentação legal nos EUA. Charles explica que, nos dias atuais, até mesmo para um cidadão americano que viaja bastante está difícil conseguir um seguro, mas não impossível. “Para comprar um seguro; um imigrante legal ou ilegal deve ter um endereço estável nos Estados Unidos, ter uma história estável de emprego, saúde boa, e uma necessidade para a cobertura; por exemplo, ser casado e ter crianças.”
A anuidade de um seguro de vida é baseado no sexo, na idade, na história médica, no tipo de trabalho, no estilo de vida e, por último, no status imigratório. Pessoas que têm problemas de saúde, praticam esportes perigosos, tais como escalar montanha, voar de asa delta, ou viajam muito, geralmente pagam um prêmio mais elevado. Algumas companhias de seguro podem exigir uma investigação e avaliação do risco de morte para uma pessoa antes de aprovar uma apólice. Essa avaliação é chamada triagem.
R.K. acha muito importante ter um seguro de vida. “Eu tenho seguro aqui e no Brasil. Meus beneficiários são minha esposa e meus filhos. Faço constantemente viagens a países e lugares perigosos, então, quero estar seguro que a minha família estará tranquila financeiramente se porventura algo me ocorrer”, disse.
Existem diferentes tipos de seguro de vida, como o seguro de vida por tempo, por exemplo. O plano por tempo especifica um período de anos para um prêmio específico. Por outro lado, existem diferentes modalidades como o seguro de vida permanente ou o seguro de vida total. Este último garante benefícios, em caso de morte, e valores financeiros, além de ou-tras vantagens.
Antes de comprar um seguro de vida, a pessoa deve determinar que tipo de cobertura é a melhor para ele e para a sua família. Algumas questões devem ser respondidas, tais como: quantas pessoas dependem do segurado? O segurado tem boas condições financeiras? Se tiver, talvez não seja necessário comprar um seguro de vida, já que a sua família não precisará de dinheiro extra depois que ele morrer.
D.P. pensa como R.K., mas acrescenta um detalhe interessante. “Meus bene-ficiários, que são meus filhos, receberão apenas quinhentos mil dólares, nada mais. Penso que isso poderá ajudá-los a se estabelecerem na vida, mas não a viverem somente desse valor. Isso os ensinará a ganhar a vida através do próprio esforço pessoal de trabalho.”
R. M. diz que possui seguro de vida há muitos anos. “No caso da morte do meu marido eu receberei uma quantia em di-nheiro, e vice-versa. Contudo, creio que tão importante quanto ter um seguro de vida é ter um seguro de saúde. Vejo pessoas aqui com carros do ano, casa com piscina, ostentando jóias, roupas de marca e da moda, mas sem seguro de vida”, disse.
E não pense alguém que só adultos podem comprar seguros de vida. C.M. tem três filhos com menos de 10 anos. Ele paga seguro para cada um deles e os beneficiários são os pais. Ele justifica tal procedimento com lucidez. “Perder um filho já é algo muito ruim. Ter um seguro, pelo menos, garante que terei dinheiro para pagar as despesas com funeral, etc, e também para não me preocupar com trabalho, por um tempo, até a cabeça estabilizar”, comenta.
E se a empresa de seguros falir?
Uma questão muitas vezes levantada por aqueles que compram um plano de seguro de vida é o destino do seu seguro no caso da empresa seguradora falir. Corretores garantem que poucas companhias de seguro faliram. Segundo Charles, os bancos falharam muito mais do que as seguradoras. “As companhias de seguro são reguladas pelo Governo que garante os benefícios até determinados limites. A Flórida, por exemplo, garante até $300.000 por vida. Outra garantia é que, quando uma companhia de seguro está com problema financeiro, outras companhias se unirão, comprarão a companhia falida para impedir o pânico do consumidor. Visite o site www.flahiga.org para maiores informações sobre a Florida’s Life & Health Insurance Guarantee Association”, explica Charles.
Existem muitas informações controversas sobre quem tem mais dinheiro no mundo, se a igreja, os governos ou as seguradoras. Independente de quem seja o campeão, o bom é saber que as empresas de seguro estão entre os primeiros, o que dá aos segurados tranquilidade de que seus beneficiários serão devidamente atendidos.
Sem contar as pessoas que nem sabem sobre seguro, em geral, qualquer um diz que fazer um seguro de vida é importante. Contudo, o que falta em muitas delas é a motivação e, em alguns casos, as condições financeiras.
F.A., que mora no Brasil, possui seguro beneficiando a esposa e o filho. “O que me motivou a fazer um seguro foi dar tranquilidade e estabilidade à minha família se eu falecer”, disse. J.F. conta que fez um seguro de vida depois que realizou um curso de finanças chamado Crown Financial, que é totalmente baseado em princípios bíblicos. Já R.H., que possui seguro apenas no Brasil, foi motivado a fazer um seguro após o nascimento do seu primeiro filho. A.N. tem seguro de vida e disse algo que muita gente precisa ouvir: “Só quando acontece o previsível, que é a morte de alguém próximo, é que percebemos quanto é importante investir em seguro de vida.”
* Observação: todos os personagens desta reportagem são verdadeiros, no entanto, por questão de segurança, foi optado usar-se apenas as iniciais dos nomes para resguardar a identidade dos segurados.

