Quando a Paixão Acaba

Por Rosana Brasil

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Como dizia o poeta Vinícius de Moraes “Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos. Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim do companheirismo vivido. Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre... Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou pôr algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados... Podemos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo... Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades.” De uma maneira ou de outra, todos relacionamentos acabam. Nada é eterno. Não se recuse a ver o sol nascer por saber que o sol vai morrer ao fim do dia. No entanto, se a tempestade já ocorreu, o melhor é procurar abrigo. Afinal, a vida continua, apesar da perda de uma grande paixão. Alguns dizem que estão com o coração partido. Uma paixão é algo tão preenchedor em nossas vidas que, ao experimentá-la por inteiro, temos a impressão de que outra pessoa é parte do nosso corpo e da nossa alma, e não conseguimos imaginar uma existência sem o outro. O “ser apaixonado” nos faz sonhar sem críticas ou limites mundanos; faz-nos “malucos” ou “cegos de paixão”. O corpo gera energia antes nunca experimentada, os toques desencadeiam sensações exóticas e eróticas. Desafiamos as leis, quebramos hábitos quase existenciais, esquecemos do trabalho, da família, dos amigos e de quem éramos antes de sermos contaminados pelo vírus da paixão. Se, por um lado, esquecemos de tudo sem nos darmos conta, por outro lembramos a todo instante da grandiosidade de Deus! Quando estamos em estado de paixão olhamos o mundo de forma bem peculiar: reparamos nos raios de sol do amanhecer, nos deslumbramos com o céu estrelado e o poder de iluminação da lua cheia; sorrimos mais, e aceitamos incondicionalmente o “outro”, objeto da nossa paixão, exatamente como ele é. E mais: imploramos que nunca mude. Mas, como tudo na vida muda, a paixão também vai desbotando, perdendo o brilho, ganhando a palidez dos seres comuns. E agora que acabou, os príncipes voltaram a ser sapos e as princesas se perderam em florestas ou foram trancafiadas em sótãos tristes? Por incrível que pareça, você ainda tem o poder de escolha: ou deita, chora e reza para que o tempo cure as feridas, ou muda seu modo de ver e sentir o ocorrido. Afinal, tudo pode ser bom ou ruim! Ruim é nunca ter se apaixonado. Bom é ter feito tudo e saber que faria novamente, pois a paixão lhe fez livre, destemido e ‘impartível’, ainda que por pouco tempo. Bom é agradecer a Deus pelos momentos inebriantes. Mas, para isso, você precisa vivenciá-la, porque a vida só vale a pena se tivermos uma grande história pra contar!