Quando a vida vira de ponta cabeça em questão de segundos - Editorial
Quantas são as histórias que já contamos aqui, de brasileiros que se acidentam, adoecem ou que, de alguma forma, precisam de ajuda de seus conterrâneos? Esse é um dos principais papéis dos jornais comunitários: informar e servir como ponto central para servir e ajudar os brasileiros, quando necessitados.
Infelizmente, esta semana, uma de nossas matérias de capa é sobre esse tema. Visitando a filha, com visto de turista e sem seguro saúde, a brasileira Marta Peixoto levou um tombo que virou toda a sua vida de cabeça para baixo. Exames de raios-X levaram ao diagnóstico de um câncer, já espalhado.
Com a notícia, brasileiros, amigos, conhecidos e agora os também desconhecidos que leem as páginas desse jornal terão a oportunidade de se unir em solidariedade a essa brasileira, que poderia ser a mãe de qualquer pessoa, ou mesmo qualquer um de nós.
Com isso, por mais que sejamos uma comunidade até pequena, se comparados aos cubanos, colombianos e outros grupos de imigrantes com grande presença no sul da Flórida, a nossa solidariedade pode nos tornar mais “visíveis”, para sairmos da condição de “minoria invisível”, segundo a antropóloga brasilianista, Maxine Margolis, entrevistada nesta edição.
Segundo ela, o brasileiro faz parte de uma minoria invisível por não ter tanto destaque em relação a outros grupos, entre outros motivos, e com diversas variações geográficas. Mas, algo que vemos constantemente é que essa minoria consegue fazer, de pouco em pouco, a diferença, através de campanhas, pequenos atos pela reforma imigratória – que ainda são poucos – e movimentos educacionais. Esperamos que Marta possa ser confortada pelo maior número de pessoas possível.
Essa semana, as discussões sobre a reforma imigratória foram iniciadas formalmente no Senado, o que comprova o que falamos na semana passada, que junho é um mês decisivo para a reforma, que visa legalizar mais de 11 milhões de imigrantes.
Com essa reforma, quantos brasileiros que não respondem a pesquisas começarão a sair das sombras? Teremos, sem dúvida, muito trabalho pela frente, para demonstrar quem são eles. É por isso que julgamos também importante a divulgação de qualquer estudo ou pesquisa que tenta traçar um pouco mais desse brasileiro emigrante, conforme temos feito frequentemente.
A antropóloga é uma testemunha importante do processo imigratório de brasileiros, que timidamente começaram a vir para os Estados Unidos nos anos 80, trabalhando muito, enviando dinheiro para suas famílias no Brasil, enriquecendo em algumas épocas, ou perdendo o emprego e dinheiro em outras, o que fez com que muitos voltassem. Uma história que muitos têm um pouco para contar.
O presidente Barack Obama pediu que o Congresso passe a reforma antes do segundo semestre. Até lá, temos muito que torcer e depois, caso realmente a lei seja aprovada, uma caixa de surpresas se abrirá para toda a comunidade brasileira nos Estados Unidos.