Estamos vivendo tempos incomuns na nossa comunidade brasileira. Certamente são tempos economicamente menos fáceis e progressistas como os que vínhamos vivenciando em seqüência, com crescimento contínuo e surgimento de inúmeras oportunidades, para quase todos.
São tempos de retra Video Marketing Exposed ção.
Mas a tal da “crise” (palavrinha que as pessoas adoram adotar, seja para definir um momento negativo ou para simplesmente justificar o atraso nas dívidas…) tem muitas facetas.
Uma das que mais me chama a atenção é o recrudescimento de animosidades que pareciam afastadas de nossa sociedade brasileira.
Os recentes “baldes de água fria” jogados nas esperanças dos imigrantes indocumentados, adiando o sonho da legalização, não só atrapalharam o dia a dia e o planejamento de vida desses milhares de brasileiros. Também trouxeram de volta velhos e abomináveis preconceitos.
Viajando país afora, como sempre fazemos há duas décadas nos Estados Unidos, e experimentando “in loco” com a nossa comunidade, percebemos que não são poucos os brasileiros, residentes legais ou que se apresentam como tal, flagrados em attitudes discriminatórias contra nossos próprios patrícios.
Devemos ser os primeiros a reconhecer que, como existem maus elementos em todas as raças e nacionalidades do planeta, nós, brasileiros, não somos exceção. Mas temos também que reconhecer, e em primeiríssimo lugar, que a comunidade brasileira é composta, em sua esmagadora maioria, de gente voltada para o trabalho, família e cumprimento das leis.
Quando um brasileiro que é, ou se anuncia como “legal”, toma atitudes ou se refere aos brasileiros ainda indocumentados de forma negativa, crítica, preconceituosa e até denunciando sua presença (os casos são inúmeros), o que está fazendo, na verdade, é dando um “tiro no próprio pé”.
Conheço alguns brasileiros “bem sucedidos” que se gabam de não terem “nada a ver” com a comunidade brasileira. Nem se enxergam como “imigrantes” e acham que os ilegais deveriam ser deportados.
A ilusão em que estes cidadãos e cidadãs vivem, é de que, sabe lá por conta de que fantasia, eles fariam parte, hoje, da sociedade norte-americana. Seriam os “eleitos” e que não poderiam jamais ser confundidos com os “pobres-coitados” ou “criminosos” que aqui entraram ou permaneceram ilegalmente.
A tragédia dessa infeliz conjectura é que a História prova que nenhum ser humano jamais se despe de sua origem, ainda que faça todo o esforço do mundo para negar suas raízes.
Muito pelo contrário. Todas as comunidades que se firmaram e progrediram nos Estados Unidos, o fizeram mantendo um alto grau de união, não só em torno de sua cultura e seus valores mais arraigados, como, principalmente, em torno de seus compatriotas.
Para quem vive no Sul da Flórida, basta enxergar o fenômeno de sucesso que é a comunidade cubano-americana. Qual a base de sua força? Seu corporativismo. Não um corporativismo burro. Mas sim aquele que aposta no compatriota, lhe dá apoio e oportunidades.
Mais ainda.
É quase estatísticamente insignificante a parcela de brasileiros que, vivendo nos Estados Unidos, não tenham qualquer conexão econômica, social ou cultural com a comunidade brasileira. Esses sim, formam pequenos “guetos isolacionistas”, basicamente em Miami, New York e Los Angeles. Nessas três cidades há, de fato, minúsculos agrupamentos de brasileiros para quem, realmente, o Brasil, seu povo e seus imigrantes pouco ou nada importam.
Ainda bem que são grupos minúsculos e autofágicos. Sem importância estatística e sem impacto real na vida e no sucesso da, hoje, grande comunidade brasileira.
O foco deste editorial não são estes grupinhos e sim um grupo maior, de brasileiros que, munidos de seus “Green Cards” ou “Cidadania”, passam a menosprezar os ilegais.
Pior. A crueldade se manifesta eventual-mente até sob forma de denúncias à Imigração.
Um rápido exame de consciência pode fazer esse brasileiro “legal” chegar à conclusão que essa não é uma attitude legal e que penalize a todos os brasileiros.
Ei, você, brasileiro “legal”. Pense nisso. Uma atitude leviana e preconceituosa sua, contra um brasileiro “ilegal” pode ser tão prejudicial a você quanto a ele.
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