Quase um ano depois, o que aconteceu com as ordens executivas de Obama?

Por Simone Raguzo

Protestos e greve de fome Diante da falta de ação do Tribunal Federal de New Orleans, desde a última semana ativistas têm realizado manifestações em frente ao prédio do mesmo, pedindo agilidade na questão. Também no local, dez membros do Fair Immigration Reform Movement iniciaram uma vigília de nove dias, com greve de fome e orações.

“Três meses é um período demasiado longo. Há cinco milhões de vidas no limbo”, disse Tara Raghuveer, diretora de uma coalizão formada por 37 grupos de defesa dos imigrantes, com sede em Chicago. Ela expressa preocupação de que o 5th U.S. Circuit Court of Appeals, conhecido como um dos tribunais de apelação mais conservadores do país, junte-se aos opositores das ordens executivas em “uma estratégia intencional legal para adiar qualquer execução em potencial”.

Isabel Medina, que vive em Los Angeles, está com sua família nos Estados Unidos desde 1996 e também se beneficiaria do DAPA, voltado aos pais de cidadãos americanos ou residentes. “O jejum não é um sacrifício para mim. O sacrifício é estar longe de meus filhos por esses nove dias”, disse ela. Medina afirma que as ações executivas manteriam a sua família unida e fariam com que ela continuasse seus estudos, assim, “contribuindo plenamente com este grande país”.

Até quando? Supostamente, a Casa Branca espera perder na corte de apelações, principalmente porque o tribunal não concordou com a administração Obama antes. E especialistas legais afirmam que a longa batalha judicial pode levar ainda muito mais tempo para ter um final, especialmente se ela acabar na Suprema Corte. Um caso aceito depois de janeiro poderia adiar a questão para o período que começa em outubro de 2016, empurrando as ações executivas para a próxima administração.

[caption id="attachment_95300" align="alignleft" width="225"] A carioca Luciana Sandins se beneficiaria do DAPA, caso o mesmo não estivesse bloqueado pela Justiça.[/caption]

Esperança Luciana Sandins diz que apesar dos impasses no Judiciário e a pouca preocupação demonstrada pelos republicanos em resolver a questão imigratória, ainda tem esperanças de um final feliz para o seu caso e dos outros milhões de indocumentados que aguardam a decisão. “Esperança a gente sempre tem. Ela nunca morre”. De acordo com a advogada especialista em imigração, Ingrid Domingues McConville, mais de 70 processos que se enquadrariam nas ações executivas estão parados em sua mesa, esperando para dar entrada.

Eleição poderia definir futuro das ações de Obama

Enquanto a maioria dos candidatos republicanos promete derrubá-las, a principal candidata pelo Partido Democrata, Hillary Clinton, apoia as medidas do atual presidente, seu colega de sigla. Ela garantiu que, se chegar à Casa Branca em 2016, defenderá as ações executivas e trabalhará por uma reforma mais ampla. “Uma reforma migratória integral na qual tiremos as pessoas das sombras seria boa para nossa economia”, defendeu Hillary.

De acordo com a pré-candidata, “se pudermos tirá-los das sombras, nosso mercado de trabalho seria mais eficiente e os trabalhadores imigrantes ilegais deixariam de ser explorados”. Hillary destaca que os indocumentados contribuem com $12 bilhões de dólares por ano ao fundo da seguridade social sem poderem beneficiar-se do mesmo. Se uma reforma imigratória fosse aprovada, a contribuição desse grupo acrescentaria $21 bilhões de dólares, segundo ela.

O ex-governador de Maryland, Martin O’Malley, o primeiro dos democratas em detalhar seu plano migratório, disse que ampliaria o alcance das ações executivas do presidente para que indocumentados possam trabalhar e viver sem o medo da deportação. “Precisamos entender que nosso país é feito da chegada de novos americanos, somos uma nação de imigrantes”.

Por outro lado, o candidato favorito entre os republicanos, Donald Trump, propõe a construção de um muro na fronteira com o México, assim como a expulsão dos 11 milhões de imigrantes indocumentados do país.

Com informações do “Washington Post”, “Fox News Latino” e “EFE”.