Rafael Caram: delegado compara história do empresário com a de golpista que virou filme

Por Gazeta News

rafael caram

O delegado responsável pelo caso de Rafael Miranda Caram, de 31 anos, suspeito de aplicar golpes que chegam a R$ 20 milhões no Rio de Janeiro, comparou Rafael a Marcelo Nascimento da Rocha, que ganhou a fama de “maior golpista do Brasil”, em 2001.

Em 2001, Marcelo Nascimento se passou pelo empresário Henrique Constantino, filho do dono da companhia aérea Gol para conseguir regalias. Deu até entrevista a um programa de TV, durante o Recifolia, Carnaval fora de época da capital pernambucana. O golpista foi preso, escreveu um livro e depois teve sua vida retratada no cinema, em 2011, no filme “Vips”, estrelado por Wagner Moura.

“Ele (Caram) utilizava da confiança de amigos de infância, de indicações. É igual ao caso do Constantino (herdeiro da Gol), ele parece ser picareta igual”, disse o delegado Aloysio Falcão, ao “G1”. De acordo com o delegado, por ser réu primário, caso seja condenado, Rafael pegaria pena de dois a três anos por cada crime. Somadas, as penas podem chegar a 50 anos de prisão. Caram está foragido e tudo indica que, pelo menos até a semana passada, o empresário estaria vivendo em Orlando.

Antes, a relação do empresário com a Flórida era mais uma forma de demonstrar glamour aos possíveis investidores. Em Miami, Caram trazia convidados para se hospedar no Fontainebleau, os levava a boates como a Liv Club, tomavam champanhe francês e a conta chegava a $10 mil dólares. Tudo pago por Caram. Em troca, esses amigos íntimos e de longa data eram convencidos a investir em negócios promissores, inventados por Rafael. De acordo com a revista “Veja”, Caram é filho de um empresário da construção civil da Barra da Tijuca e trabalhou com o pai até meados de 2011.

De acordo com o delegado, o tipo de investimento oferecido por Caram não era pirâmide financeira, mas por ser de família conhecida e com bons contatos, “passou a vender a ilusão de um investimento com um retorno absurdo”.

Seu modo mais frequente de operação era convidar amigos ricos para jantar, ou para um drinque, e convencê-los a investir em um dos vários negócios que ele se dizia envolvido, como a compra e venda de óleo diesel, transações com metais baratos da China que, segundo ele, seriam revendidos a preços muito elevados a fornecedores, principalmente da Petrobras.

A aplicação inicial girava em torno de R$ 50 mil, com promessa de lucro de 16% no fim de 40 dias. A estratégia, ao longo dos três anos em que Caram atuou, era inspirar os investidores com um retorno rápido, de forma que esses chamavam familiares para entrar na jogada.

Uma família chegou a perder R$1 milhão. Outra, precisou vender o apartamento para saldar dívidas bancárias. Ao todo, a fraude chega a quase R$20 milhões.

O número de pessoas ludibriadas já chega a 70, muitas delas são amigos de infância de Caram. Todas elas estão prestando depoimentos à polícia, que deverá pedir a extradição e a prisão de Caram.

No meio do ano passado, as vítimas pararam definitivamente de receber o suposto “lucro”. Entre as desculpas dada por Caram estava a “Operação Lava-Jato”, que estaria atrapalhando os “negócios”. Na verdade, ele tinha se mudado para Orlando, onde montou dois restaurantes. Em dezembro, segundo a “Veja”, ele comprou uma empresa de investimentos por $250 mil dólares.

De acordo com a “Veja”, Caram não agia sozinho. Além de parentes e pelo menos um gerente de banco, a polícia está investigando dois cúmplices: o empresário Marcelo Coury e uma mulher que se apresentava como secretária do grupo, Carolina de Resende Zivia.