Realização

Por Marcelo Mello

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Querer, desejar, ter, conseguir... que mais? Desafios, objetivos, metas, competir... Nossa, são tantas as palavras que podem ser transformadas em conceitos. Mas, quem quer alguma coisa de verdade? Quem tem um desejo genuíno? Como diferenciar o que se quer de fato do que se quer por simples capricho competitivo, ou pior, por um simples capricho do nosso Ego-Sistema em se mostrar ou mostrar suas conquistas na sala de troféus mentais ou virtuais?

Todo mundo deseja alguma coisa, dirão alguns. Nem sempre isso é verdade, algumas pessoas simplesmente param de desejar. Mas, hoje, quero falar dos que dizem realmente querer algo. Se é que querem, como acreditam.

Por que falo isso? Simples, porque minha observação me obriga a afirmar com todas as letras que as pessoas, hoje em dia, querem muitas coisas, praticamente querem tudo, mas buscam efetivamente pouco. Já escrevi antes aqui mesmo e repito: querer não é poder, muito menos ter ou conseguir. Afirmar isso é besteira, uma verdadeira armadilha.

Lido com pessoas. Lidar com pessoas não é fácil. Mas é delicioso e chega a ser bem interessante, uma vez que eu sempre me coloco no lugar delas, princípio básico do entendimento entre seres humanos: empatia.

Todos os clientes que tive, seja como consultor, seja como coach, sempre me contrataram – e ainda contratam, felizmente –, porque querem alguma coisa. Isso é tão óbvio quanto dizer que um pote de Nutella traz felicidade. Entretanto, muitos dos que desejam alguma coisa desistem no meio do caminho, e vou além, desistem diante da mais insignificante dificuldade. Nem tentam resolver o problema, simplesmente jogam a toalha.

Invariavelmente, já que não sou pago para ser fofo, e sim eficiente, pergunto a eles do modo mais direto possível: Mas você quer ou não? Me procurou porque queria algo e agora desiste diante de uma pedrinha no meio do caminho? Achou que seria fácil? Achou que a jornada não estaria sujeita a chuvas e trovoadas?

A maioria fica sem resposta. Percebem que, nas entrelinhas, os estou chamando de mimados, de imaturos. Fazer o que, é minha obrigação, não quero receber dinheiro de ninguém por falar bordões lindos e fofos, mas completamente sem sentido.

O mundo está cada dia mais competitivo. Essa afirmação é verdadeira ou falsa em sua opinião, caro leitor? Eu acho que é falsa. Ou melhor, a competição até existe, mas não no sentido produtivo da palavra. A competição é outra, é efêmera, é por uma causa sem importância, a busca é para massagear os egos problemáticos e vaidosos. Pura perda de tempo, como se tivéssemos acabado de nascer e, independente da idade, tivéssemos anos e anos pela frente. Ledo engano.

Estes, os que desistem no meio do caminho, são aqueles mesmos que nas redes sociais reverberam as historinhas dos bem-sucedidos. Oras bolas, acho até justo que nos espelhemos nesses que são grandes realizadores, mas espera um pouco: supostamente se espelhar e não se inspirar é suficiente para satisfazer essa gente?

Bem, talvez seja, afinal, quem é que está a fim de pagar o preço da realização, não é mesmo?