Reaprendendo a enfrentar a crise

Por Gazeta Admininstrator

Por: Letícia Kfuri

Quem nasceu e viveu em um país que já teve nada menos do que sete planos econômicos em um período de menos de uma década, e já conviveu com índices de inflação anual de até 2.489% (o mais alto da história da economia brasileira, em 1993), tem tudo para não se assustar, por exemplo, com um aumento de 21,1% no preço do leite, em um período de um ano.

Mas o fato é que quem abriu mão da vida no seu Brasil da inflação para viver na terra do sonho americano, se assusta ao ver aqui indícios dos problemas dos quais fugiu lá.

Os dados sobre a inflação divulgados, no mês passado, pelo Departamento de Trabalho mostram que os preços dos alimentos nos Estados Unidos subiram 4,1% nos últimos 12 meses. Alguns produtos, como os ovos, por exemplo, no entanto, tiveram um aumento de mais de 30% no mesmo período.

Afetados pelos aumentos quase contínuos da gasolina, nos últimos dois anos, os consumidores agoram enfrentam aumentos drásticos nos preços dos alimentos básicos. Este, talvez, seja um dos motivos pelos quais, muitas pesquisas apontam pessimismo por parte de grande parte da população quanto à economia norte-americana, mesmo não havendo falta de oferta de emprego.

O presidente George W. Bush reuniu-se com analistas econômicos e demonstrou surpresa ao saber que a inflação é um dos maiores temores da população norte-americana. Entre a comunidade brasileira vivendo nos EUA, além da inflação, a falta de trabalho (de trabalho e não de emprego formal), é um dos grandes fantasmas.

Brasileiros:
É evidente que uma elevação de 4,1% nos preços dos alimentos, ao longo de 12 meses, não se compara aos terríveis tempos da inflação brasileira, quando o preço do pãozinho, do feijão ou do arroz aumentava três vezes por dia. Mas, como diz o velho ditado, gato escaldado tem medo de água fria.

Para a comunidade brasileira que imigrou para os EUA, no entanto, o problema maior daquilo que já vem sendo chamado por alguns economistas de recessão, não está na inflação pura e simples. Está no desaquecimento da economia motivado, principalmente, segundo os analistas, pela crise no mercado imobiliário. Se não há venda de imóveis, as chances de um contractor ser chamado para um serviço de reforma são menores. Se cai o volume de serviços, este trabalhador, certamente, consumirá menos. O comércio brasileiro, que ele está acostumado a freqüentar, também fatura menos, e a bola de neve continua. O mercado imobiliário afeta direta, ou indiretamente, toda economia norte-americana.

Dicas Práticas:
Para evitar que os efeitos da crise afetem ainda mais o seu orçamento, confira abaixo algumas dicas de especialistas em finanças e orçamento doméstico colhidas pelo Gazeta:

1. Transferir dívidas de cartão de crédito para outra empresa que ofereça juros mais baixos tornará sua dívida mais barata e, portanto, mais fácil de administrar. Avalie as propostas dos cartões concorrentes que aceitem transferência da dívida. Informe-se.

2. Ao comprar parcelado, faça as contas e dê importância ao percentual e não ao valor absoluto das parcelas. O importante, para quem quer economizar, não é apenas se as prestações estão ao seu alcance mas, também, se você não está pagando juros muito elevados.

3. Pague-se primeiro. Assim que receber o salário, aplique 10% em algum investimento. Se você pagar as contas e esperar o que sobrar para poupar... Já sabe, a poupança vai continuar magrinha.

4. Tenha um fundo de reserva. Assim, quando precisar trocar o carro ou pagar uma taxa extra de seguro, você pode fazê-lo à vista, com desconto, sem ter que recorrer, por exemplo, aos juros altos dos cartões de crédito.

5. Liquidação. Só se você tiver uma sobra no mês ou um fundo de reserva. Os benefícios da liquidação são anulados quando fazemos uma divida ou pagamos com juros.

6. Anotar tudo o que gasta é uma boa técnica para gastar menos. Faz você refletir se a compra é necessária ou não.

7. Se você não gosta de anotar, outra técnica eficiente é a do envelope. Depois de pagar as contas, saque o dinheiro e coloque-o em um envelope. Gaste somente enquanto tiver dinheiro no envelope. O laço psicológico com o dinheiro foi perdido, por causa da facilidade de acesso ao crédito. Com o envelope, você resgata esse laço.

8. Pague sempre a fatura total do cartão de crédito. Cartão de crédito só deve ser usado se você tiver recursos para pagar a fatura total no vencimento.

9.Se você não tem um telefone daqueles que cobram taxa fixa pelo uso, use o telefone celular para falar apenas o necessário.

10.Não leve as crianças com você quando for fazer compras de supermercado. Elas gostam de encher o carrinho com supérfluos, que acabam aumentando a conta.

11.Fique de olho na hora de passar no caixa, principalmente nos produtos de promoção, que às vezes não têm o preço atualizado e você acaba pagando mais.

12.Tenha sempre à mão uma prévia lista das compras necessárias. O mais importante é você comprar somente o que está na nela.