Recall

Por Marcelo Mello

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Seres humanos são esquisitos. Digo isso porque viemos ao mundo, dizem, com certa dose de inteligência e usamos quase nada. Falei “dizem” de propósito porque inventei uma teoria há alguns anos em que afirmo com todas as letras que a inteligência humana é um mito. Algum sujeito “decidiu” que os humanos eram inteligentes e o boato pegou. Todo mundo acreditou. Mas é mentira, não somos.

A prova disso é que se fossemos realmente inteligentes faríamos uso do bom senso o tempo todo. Como sabemos, não fazemos. Até tentamos, mas apenas quando nos convém. E, agindo assim, de modo interesseiro, mostramos na prática que não usamos o bom senso em tempo integral. Pior, somos desprezíveis porque cobramos que os outros utilizem.

Vejam o que está acontecendo nas redes sociais, por exemplo. Todo mundo dando suas opiniões sem pensar adequadamente ou profundamente sobre o tema. Vale opinar sobre política, religião, sexo, enfim, todo e qualquer assunto, não importa. Nos tornamos verdadeiros torcedores de futebol, mas não aquele torcedor inteligente que enxerga o time que joga contra o seu como adversário. Nos tornamos torcedores burros que enxergamos adversários como inimigos.

Tudo bem, futebol é paixão e discutir paixão é sempre uma questão muito delicada. Mas levamos ao resto de nossas vidas esse comportamento desqualificado, o que suscita falta de bom senso e que gera como consequência, brigas, discussões descabidas chegando até o limite, nada mais, nada menos do que a quebra de vínculos que demos duro para criar. Amizades se perdendo, casamentos se desfazendo, brigas em família, tudo em nome da polarização. E não falo do “nós contra eles”, estou falando do “nós contra o mundo”!

Vocês, leitores, sabem que jamais me coloco acima do bem e do mal. Assim sendo, não sou hipócrita. Não posso afirmar que faço uso do bom senso em todos os momentos. Seria leviano se afirmasse isso. Como sou praticante da Terapia do Espelho, não conseguiria me enfrentar diante dele, se é que me entendem.

Mas eu juro que tento. De verdade, tento fazer uso do bom senso porque entendo que é a premissa para o sucesso das relações interpessoais. Digo isso diariamente aos meus clientes de Coaching e o que tenho mais escutado deles é que há uma falta generalizada do conceito. Pior, além de não usarem o bom senso, quem costumava utilizar o está abandonando em nome sabe-se lá de que. Entra em campo uma questão que nos leva à outra reflexão: Se temos inteligência para saber que o bom senso é fundamental, essencial, eu diria, para a manutenção das boas relações, sejam elas pessoais ou profissionais, por que é que as pessoas estão abrindo mão disso? Não deveria ser o contrário? Tipo... buscar o que é essencial não é melhor do que abandonar? E aí, será que somos de fato inteligentes ou isso foi um boato que pegou, que colou na humanidade? Já passou da hora de repensar a existência humana, essa experiência que não deu muito certo.

Ei, Deus, que tal fazer um recall?