Recessão gera violência e o paraíso floridiano não escapa

Por Gazeta Admininstrator

As notícias estão em todas as partes. E no país das estatísticas instantâneas, os números não mentem jamais. Há um inegável aumento da violência na Flórida. E há um responsável fácilmente detectável, segundo autoridades e experts: a recessão.
Desemprego, inflação, dívidas, foreclosures, estresse total e absoluto. Os “estímulos” ao recrudescimento da violência urbana estão aí, num estado que abriga, ao mesmo tempo, um dos mais ricos segmentos da sociedade norte-americana, mas que tem, dentro dos padrões do país, alguns índices de probreza dos mais desconfortáveis.
Há muito a Flórida deixou de ser um estado de “velhos aposentados” e “turistas transitórios”. Essa incrível combinação dava ao “Sunshine State” uma confortável situação no quesito violência. Hoje, a Flórida exibe uma economia muito mais dinâmica e complexa, atraindo populações jovens, seja pelo apelo representado por South Beach, pelo turismo que não pára de crescer, a indústria de entretenimento que, nos últimos 20 anos, cresceu mais de 1.200%. Miami tornou-se uma cidade-chave para o tráfico de drogas. Não é por outra razão que os efetivos do FBI no Sul da Flórida estão entre os maiores e mais bem aparelhados do país.
O “inchaço” populacional da Flórida é um fenômeno claramente visível para quem tem vivido aqui nas últimas décadas e, da mesma forma, que a “bolha imobiliária” estourou, o “boom econômico” está passando por uma reciclagem que exclui parte das populações atraídas pela poderosa combinação de oportunidades com “clima ideal”.
Gostemos ou não, a economia é sempre “mãe” de quase tudo o que acontece na sociedade humana, seja de positivo ou negativo. Num país de estrutura capitalis-ta selvagem como os Estados Unidos, onde a lei de Muricy – “cada um que cuide de si” – impera de forma brutal, o impacto da recessão na cultura dos “winners” é devastador.
A recessão emerge num mosaico ideal para o florescimento de uma série de atividades ilegais e, por conseguinte, estimulando criminalidade e violência. Muitos desses crimes, que estão alimentando as estatísticas, são cometidos por desempregados, desiludidos, desesperados ou, simplesmente, cidadãos vivendo no limite do estresse.
O índice de suicídios também está crescendo. Em todas as faixas etárias. A pressão para que se atinjam metas, o medo do fracasso, a incapacidade de cumprir compromissos, a derrota, enfim, parece ser um dos mais poderosos fatores que levam à insanidade e, por conseqüência, a crimes freqüentes e, cada vez mais, violentos.
É lógico que ninguém vai comparar os índices de violência da Flórida com os de quaisquer regiões do Brasil. As realidades seguem sendo radicalmente diferentes. Mas eu insisto em dizer que a natureza da violência no Brasil é bem diferente da violência na América.
Apesar de que estamos convivendo, há 3 décadas, no nosso país, com o império da droga, gerando o grave quadro de violência urbana nas grandes metrópoles, a violência no Brasil segue sendo fundamentalmente social.
Na América, a violência é quase que uma matriz cultural, histórica. Está no DNA. E quando essa tendência nata à violência se encontra com uma atmosfera de crise econômica, ocorre um acentuado aumento da criminalidade.