Reforma imigratória: Obama quer projeto de lei pronto em no máximo seis semanas

Por Gazeta News

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A semana foi marcada por reuniões do presidente, Barack Obama, e o primeiro de muitos debates públicos do Congresso sobre a reforma imigratória. A reforma pareceu repentinamente possível, quando um grupo bipartidário de senadores apresentou sua proposta, seguidos por um pronunciamento do presidente Obama. Mas, quando chegou à Comissão de Justiça da Câmara, republicanos questionaram vários pontos da proposta, segundo jornais de todo o país. Em paralelo, o presidente realizou reuniões e, de acordo com a Casa Branca, Obama deseja ver um projeto de lei pronto em quatro ou seis semanas.

A proposta poderá chegar a ser quebrada em partes, em vez de uma reforma que chegue aos 11,5 milhões de indocumentados no país, conforme sugeriu o deputado Spencer Bachus, republicano do Alabama. “Será mais fácil resolver o problema de trabalhadores qualificados. Poderíamos passar uma lei que tirasse isso do caminho. Quando você pensa em uma reforma abrangente, a questão fica mais tóxica”.

Outro ponto sendo questionado sobre a reforma é o caminho para a cidadania. Muitos republicanos se opõem a essa parte, proposta na última semana tanto por um grupo bipartidário de senadores como pelo presidente Barack Obama.

O presidente da Comissão de Justiça da Câmara, Bob Goodlatte, republicano da Virgínia, se referiu ao caminho para a cidadania como um “extremo”, durante a audiência. Ele usou a palavra para perguntar ao prefeito de San Antônio, Julian Castro, estrela hispânica em ascensão no Partido Democrata, que prestou depoimento em uma audiência sobre o tema, se haveria um meio termo entre o extremo de oferecer a cidadania e a deportação em massa. O prefeito, que apoia o plano de Obama foi contra o uso do termo: “Um caminho para a cidadania deveria ser a opção escolhida pelo país”, disse Castro. “Não vejo a opção como extrema. O extremo seria a abertura das fronteiras”.

Já o republicano Raul Labrador argumentou ainda que os políticos que pedem um caminho para a cidadania estão visando ganhar eleitores e que os indocumentados só querem status legal, reportou a “CNN”.

SEGURANÇA NAS FRONTEIRAS

Alguns deputados republicanos não querem que se repita a situação da última grande reforma imigratória, há mais de 25 anos, quando cerca de três milhões de imigrantes sem documentados foram legalizados. Na época, partidários da reforma disseram que a medida deveria conter o fluxo de imigrantes clandestinos pela fronteira com o México - o que não aconteceu.

“Olhamos as promessas da reforma imigratória de 1986, quando concedemos cidadania a tanta gente, de que iríamos lacrar a fronteira e garantir que fosse uma coisa de uma só vez, e vemos que isso fracassou”, disse o deputado republicano, Blake Farenthold, membro da Comissão de Justiça da Câmara, no dia 5. “Minha pergunta ao senhor é: como não acabaremos na mesma situação daqui a 10, 20 anos, se fizermos isso outra vez?”, perguntou ele a Castro.

O governo Obama alega já ter cumprido várias reivindicações dos republicanos quanto à proteção das fronteiras, e observa que a imigração clandestina a partir do México já diminuiu fortemente nos últimos anos, e que milhares de agentes de patrulha foram mobilizados. “Quase todas essas metas (propostas pelos republicanos), se não todas essas metas, já foram cumpridas por causa do compromisso do presidente com uma segurança reforçada na fronteira”, disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

Sindicato do ICE resiste à reforma Pelo menos uma união de trabalhadores não está feliz em relação à pressão pela reforma imigratória: o National ICE Council 118, que representa os agentes do Department of Homeland Security.

Em testemunho durante a Comissão de Justiça da Câmara, o presidente do Council 118, Chris Carne, disse que a agência está demandando maior autoridade. “O ICE está agora sendo guiado pela influência dos poderes de grupos de interesses especiais em nome de imigrantes indocumentados”, disse ele, de acordo com o “MSNBC”. “Essas influências estão deteriorando a ordem, estabilidade e efetividade da agência, criando confusão entre todos os empregados do ICE”.

Crane disse que a agência perdeu autoridade para prender e deportar indocumentados, depois que Obama passou leis como Deferred Action for Childhood Arrivals (DACA), no qual jovens tiveram suas deportações adiadas. Isso e outras prioridades de deportação fizeram com que o ICE perdesse autoridade ao prender e não poder deportar pessoas ilegalmente no país, mas que estejam protegidas por alguma das novas medidas.

Sarah Uribe, coordenadora nacional de campanha para o National Day Organizing Network, criticou o testemunho. “O pedido de reforma é para proteger famílias, que devem ficar juntas, de serem separadas por erros do ICE”, ela disse ao “MSNBC”, acrescentando que, historicamente, o ICE é conhecido por violar as prioridades apresentadas pelo próprio presidente.

Presidente Obama realiza reuniões

Em paralelo à audiência, a semana foi também marcada por reuniões do presidente. No dia 5, Obama se reuniu com líderes sindicais e econômicos na Casa Branca, como parte de uma estratégia para acelerar o debate no Congresso. A discussão também girou em torno de vários assuntos, incluindo como uma reforma imigratória se enquadra no cenário econômico do país.

“Nós tivemos uma ótima conversa com o presidente sobre imigração”, disse à “Fox News” Arne Sorenson, presidente do Marriot International. “Nós temos 11 milhões de pessoas nesse país que não estão suficientemente documentadas e elas não vão embora. Nós temos que fazer algo rápido para que elas passem a contribuir para a nossa economia e sociedade. Será bom para a nossa economia e para a vida dessas pessoas”.

No dia 6, o presidente também tinha uma reunião programada com senadores democratas para convencê-los de sua estratégia, disse a “Univisión”. Segundo a Casa Branca, o presidente deseja ver um projeto de lei pronto em quatro ou seis semanas.