Refugiada síria em Fort Lauderdale diz que tem medo de sair de casa

Por Gazeta News

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Quando bombas começaram a cair perto de seu apartamento em Aleppo, Síria, Amal Saleh tinha medo de sair de casa. Agora, 21 meses depois de uma viagem que separou sua família e deixou um morto, a refugiada síria tem medo de sair de sua nova casa em Fort Lauderdale. Agora ela tem medo dos americanos.

Saleh disse que tem assistido horrorizada os americanos com medo dos refugiados que estão procurando um lugar seguro. “Da mesma forma que os americanos têm com medo de nós, nós temos medo deles”, disse Saleh, de 45 anos, da casa que ela mora com seu marido e quatro filhos adolescentes. “Eu diria que nós, sírios, somos pessoas pacíficas. Trata-se de crianças, mulheres e idosos que não têm culpa do que está acontecendo. Fomos todos amplamente investigados. Merecemos viver”.

A família Saleh nem tem conexão de internet em suas casas ainda, mas tem sido impossível para eles não acompanharem a reação em todo o país em relação às pessoas que tentam seguir seus passos.

Ela explicou que sua família passou por uma investigação rigorosa em Istambul, na Turquia, para onde foram levados por um traficante depois de pagar $200 dólares por pessoa. Seu marido passou por vários derrames desde o início da guerra na Síria e precisou ser carregado por um amigo para atravessar a fronteira e chegar à Turquia.

Em Istanbul, eles ficaram 21 meses tentando encontrar um lar.

Sua família passou por três diferentes entrevistas que duraram várias horas junto ao escritório de refugiados das Nações unidas, o grupo que tem investigado refugiados em toda a Europa e ajuda a encontrar um país para viverem.

A cada vez, perguntaram toda a história de sua família. A maioria das perguntas focava em questionar se eles tinham qualquer ligação com grupos terroristas, se os apoiavam ou se os ajudavam financeiramente. “Eles até perguntavam se já demos um prato de comida a um terrorista”, disse ela.

Algumas vezes a família era entrevistada com todos juntos, outras vezes, individualmente. “Eles perguntam tantos detalhes tantas vezes que é quase impossível que qualquer pessoa entre nesse país sem ser muito bem investigada”, disse.

Saleh tem familiares espalhados pelo mundo, vivendo na Alemanha, Líbano, Turquia, e seus pais continuam na Síria. Ela ficou sabendo que sua sobrinha de 27 anos morreu afogada no Mediterrâneo, ao tentar fugir da Síria pelo mar.

Saleh teve câncer de mama, passou por uma mastectomia, mas com a guerra, os remédios ficaram tão caros que o câncer se espalhou pelos ossos e pulmão. Seu marido recebe tratamento pela série de derrames que teve. Eles dependem da ajuda de organizações de caridade, que têm pago pelo aluguel e contas, e da filha mais velha, que fala um pouco de inglês.

O sonho de Saleh é que sua família se torne residente permanente e eventualmente, consiga a cidadania. Mas, no momento, ela diz que teme que seus vizinhos vejam que eles são sírios. “Costumávamos sair para caminhar juntos”, disse ela. “Mesmo quando estava escuro nos sentíamos seguros, mas agora nem isso”.

Fonte: USA Today.