Alto investimento estrangeiro em imóveis prejudica moradores

Por Gazeta News

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A economia oscilante em casa tem feito com que estrangeiros ricos escolham o mercado imobiliário do sul da Flórida como um lugar seguro para colocar seu dinheiro. Eles são brasileiros, argentinos, colombianos, mexicanos, venezuelanos, franceses e turcos.

O dinheiro desses estrangeiros ajudou a conduzir a última reviravolta econômica do sul da Flórida. Nenhuma região americana sofreu tamanha tranformação, com a quantidade de torres e condomínios luxuosos. E a expectativa é que a demanada não pare: há pelo menos 126 torres residenciais sendo projetadas para serem construídas no sul da Flórida. E o mais animador: esses investimentos estão sendo feitos em dinheiro, sem gerar dívidas.

No entanto, o sul da Flórida, como um todo, tem se beneficiado pouco de toda essa riqueza. Esse boom estrangeiro não tem gerado renda local. Na verdade, os salários têm caído na região - quando ajustados pela inflação - e o desemprego está acima da média nacional (em dezembro passado, o desemprego chegou a 5,8% em Miami-Dade, comparado com os 5% nacionalmente).

A região conta com o maior número de inquilinos do país, que dedicam mais de 30% do salário à habitação - um nível que o governo considera oneroso. Dados do Censo mostram que altos aluguéis afetam 62% dos inquilinos em Broward, Palm Beach e Miami-Dade, em comparação com 52% da média nacional. Residentes têm poucas opções de moradia a preços acessíveis em bairros tomados por condomínios de luxo.

“Nós não estamos vendo os benefícios dessa renda na economia local”, disse Ned Murray, diretor associado do Centro Metropolitano da Florida International University. “Isso impacta empresas locais, e nós estamos perdendo oportunidades de criar habitação durante todo o ano para os nossos trabalhadores. Eles estão se mudando”.

No ano passado, estrangeiros gastaram $6,1 bilhões de dólares em propriedades no sul da Flórida – 36% do total desse tipo de investimento, de acordo com a Associação dos Corretores de Imóveis de Miami. Nacionalmente, os estrangeiros representam apenas 8% das vendas.

Os brasileiros são os que mais buscam, pela internet, por propriedades no sul da Flórida, seguidos por venezuelanos e argentinos, de acordo com a associação. A procura de imóveis por brasileiros teve uma breve pausa no ano passado, com a queda do real diante do dólar. No entanto, com o agravamento da crise brasileira, as vendas para brasileiros voltaram a crescer, mesmo com imóveis ficando 50% mais caros que em 2014.

Tal influxo de dinheiro estrangeiro tem colocado autoridades em alerta. O governo federal anunciou planos para monitorar a compra de casa superior a $3 milhões de dólares em Miami e New York. A partir de março, o governo vai exigir temporariamente que empresas identifiquem os compradores de propriedades. Autoridades se preocupam com esquemas de lavagem de dinheiro através do uso de compradores anônimos.

Os bons tempos no sul da Flórida têm suscitado dúvidas sobre quanto tempo o dinheiro do exterior pode apoiar a economia imobiliária da região. Em uma pesquisa com 42 especialistas no mercado imobiliário, 69% identificaram o sul da Flórida como uma área sob o risco de enfrentar uma bolha dentro de cinco anos, de acordo com a empresa de dados imobiliários Zillow. Os empreenderores minimizam o risco, observando que o dinheiro, ao invés de dívida, está dirigindo a maioria das compras.

Fonte: AP.