Rice crê em acordo para circulação de palestinos de Gaza

Por Gazeta Admininstrator

Viagem de Rice tenta dar um novo impulso às negociações de paz
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, disse nesta segunda-feira acreditar que Israel e as autoridades palestinas possam chegar a um acordo que permita aos palestinos da Faixa de Gaza uma maior liberdade de movimento.
Rice disse em Ramallah, após encontrar autoridades israelenses e palestinas, que “com vontade e alguma criatividade” um acordo para abrir passagens de fronteiras “poderia estar à vista”.

“O que é necessário é algum acordo sobre como melhorar a liberdade de movimento dos palestinos em Gaza”, disse ela após sua reunião com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.

Rice, que tenta dar um novo impulso às negociações de paz na região após a retirada militar de Israel de Gaza, disse que os palestinos precisam combater o terrorismo e Israel precisa ajudar a melhorar as condições de vida dos palestinos.

A secretária de Estado disse acreditar que “eles já conseguiram muitos progressos” nas negociações.

Israel mantém controles estritos na passagem para dentro e para fora da faixa costeira de Gaza, que abriga mais de 1 milhão de palestinos.

Hamas

A visita de Rice à região acontece em meio a uma crise política em Israel, com o novo líder do Partido Trabalhista pedindo novas eleições gerais.

Além disso, na manhã desta segunda o Exército de Israel matou um líder do grupo militante palestino Hamas, em Nablus, na Cisjordânia.

A morte ocorreu durante uma batida israelense na cidade.

Segundo os militares, um palestino armado tentou fugir ao cerco de uma casa durante um confronto – os soldados estavam tentando fazer uma busca na casa quando começou a troca de tiros.

O Hamas divulgou um comunicado dando o nome do morto, Amjad Hanawi, e confirmando que ele era um dos líderes locais do grupo.

O episódio ressalta mais uma vez a dificuldade da missão da secratária de Estado dos EUA, que foi à região para pressionar os dois lados a retomarem o processo de paz.

Antes de seu encontro com o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, Rice dissera que um Estado palestino "aumentaria a segurança de Israel".

'Prisão gigante'

No domingo, o enviado do chamado "quarteto" internacional que busca uma saída para o conflito do Oriente Médio, James Wolfensohn, alertou que a Faixa de Gaza pode virar uma "prisão gigante", caso vias de passagem para Israel e para o Egito não sejam totalmente abertas.

Wolfensohn, que foi indicado para o cargo pelos Estados Unidos, União Européia, Rússia e ONU após deixar a Presidência do Banco Mundial, fez os comentários depois de se encontrar com negociadores israelenses e palestinos.

Ele disse que os próximos três dias serão "críticos" para decidir se bens produzidos na região poderão ser vendidos para outros países.

A Autoridade Palestina espera poder exportar produtos agrícolas que estão amadurecendo em centenas de hectares de estufas que foram deixadas pelos colonos israelenses que deixaram a Faixa de Gaza há alguns meses.

Mas o governo israelense tem imposto restrições à passagem pela fronteira da Faixa de Gaza com o país, alegando considerações na área de segurança.

'Esperança'

A viagem de Rice à região é a primeira desde que a retirada de Israel da Faixa de Gaza foi concluída, em setembro.

Ela disse que a iniciativa oferece uma oportunidade de avanço.

"Se palestinos combaterem o terrorismo e se Israel não tomar iniciativas que prejulguem um acordo final e trabalhar para melhorar a vida diária dos palestinos, a possibilidade de paz é esperançosa e realista", disse ela em Jerusalém.

O negociador palestino Saeb Erekat disse à BBC que Rice é a pessoa na melhor posição para restaurar a esperança dos palestinos, reativando as negociações.

Para alguns diplomatas americanos, porém, as chances de progresso no momento não são as melhores, até porque o governo de Ariel Sharon, em Israel, enfrenta uma crise política após o anúncio de que o Partido Trabalhista pode deixar sua coalizão.

O Parlamento de Israel deve votar uma série de moções de confiança no governo na quarta-feira. O apoio do Partido Trabalhista é decisivo para a sobrevivência do governo