Rio 2016: esse sonho é possível?

Por Gazeta Admininstrator

Que a China deu um show, ninguém discute. A cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Pequim foi o “fecho de ouro” de uma organização impecável, de um “show off” espetacular, somente possível a um país cujo governo tem absoluto controle sobre os gastos públicos e assinou um cheque de 57 bilhões de dólares para carimbar o passaporte chinês rumo à condição de potência “número 1” do planeta.
E o Brasil? E a nossa candidatura a sediar a Olimpíada de 2016? Vinga?
Por incrível que pareça, o Brasil, que, há décadas, não conseguia nem sequer postular uma sede de Pan-Americano, tem melhorado bastante a sua posição no jogo político das grandes empreitadas esportivas mundiais. Muita coisa nos ajuda. Outras tantas nos atrapalham. E nosso inimigo real é Chicago, uma grande cidade norte-americana e que nunca sediou os Jogos Olímpicos.

A favor do Brasil pesa principalmente o fato de nunca ter sido realizada uma Olimpíada na América do Sul. Enquanto a Copa do Mundo já foi realizada no Uruguai (1930), Brasil (1950), Chile (1962), Argentina (1978) e voltará ao Brasil em 2014, os Jogos Olímpicos sempre foram um sonho distante para as quase sempre problemáticas economias do continente.

Também a nosso favor pesa o fato do Brasil estar vivendo um longo período de estabilidade política e econômica, consolidado como 8ª economia do planeta e agora com uma tradição esportiva que vai além do tradicional futebol masculino. Somos politicamente mais fortes na arena internacional, seja política ou esportiva. Temos sido mais competentes do que antes, em demonstrar que apesar dos inegáveis problemas sociais do país, somos capazes de garantir segurança e eficiência em muitos eventos políticos, culturais e esportivos de âmbito mundial.

Outros pontos a nosso favor são a renovação recente do estádio do Maracanã, perfeitamente adequado para cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos, e a inauguração do estádio João Havelange (Engenhão), moderno e dentro dos atuais padrões olímpicos.
Contra a candidatura do Brasil, pesa, substancialmente, a capacidade financeira para construir os múltiplos equipamentos esportivos necessários. Um fator insistentemente citado como “preocupante” no caso da possibilidade brasileira em abrigar uma olimpíada diz respeito a nossa infra-estrutura. Mesmo sabendo que para a Copa do Mundo de 2014 (dois anos antes das Olimpíadas de 2016) muito será feito para melhorar as condições dos aeroportos cariocas.

Atualmente, cerca de 80% do transporte público carioca são feitos por ônibus, poluidores e beberrões de combustível. Um projeto “ecologicamente correto” na área de transporte público, ajudaria em muito a pretensão olímpica brasileira.

Só na modernização e expansão do metrô e melhoria das vias de acesso, seriam necessários alguns bilhões de dólares em investimentos municipais, estaduais e, principalmente federais, para convencer os delegados do COI de que a candidatura brasileira é séria.
Como enfrentar Chicago com sucesso?
É difícil, mas não é impossível...Primeiro, o Brasil tem que garantir que a famosa “simpatia mundial” com o nosso país, seja traduzida em votos no altamente politizado Comitê Olímpico Internacional. Os Estados Unidos realizaram quatro olimpíadas. Ne-nhuma delas foi um sucesso verdadeiro. A de Saint Louis, em 1904, foi tratada como um “evento paralelo” à Feira Mundial daquele ano. O COI ficou tão desapontado com o fiasco que “ameaçou” de não voltar a promover os Jogos em território norte-americano.

A ameaça não se concretizou e, em 1932, os Jogos foram para Los Angeles. Mais bem organizados, mas bem menos relevantes que as edições anteriores em Paris, 1924 e Ams-terdã, 1928. Tanto que, apesar de sucessivas candidaturas norte-americanas, sempre com cidades ricas e patrocinadores poderosos, somente em 1984, 56 anos depois, é que os Estados Unidos voltaram a receber os jogos, novamente em Los Angeles. Apesar de muito investimento, os Jogos de 84 foram prejudicados pelo boicote dos países de bloco soviético e com isso perdeu seu brilho.
Mas, foi em Atlanta, 1996, que foi dado o maior show de incompetência. Considerada como a pior das Olimpíadas dos últimos 36 anos, os Jogos de Atlanta tiveram de tudo: desde apartamentos da Vila olímpica onde os banheiros não funcionavam a cabines de imprensa feitas de papelão. Esse histórico será lembrado quando for a hora de decidir entre Rio de Janeiro e Chicago. E o Presidente Lula, que fez um bonito “dever de casa” em sua ida à abertura dos Jogos de Pequim, voltou da China com um sorriso marotamente confiante. Por trás de seu sorriso, o apoio da China e todo um bloco liderado pelos chineses, à candidatura brasileira.
Vamos torcer por isso. Rio 2016 é algo muito bom, para o Rio e para todo o Brasil.