Rosana Brasil: A Cigarra e a Formiga

[caption id="attachment_122984" align="alignleft" width="300"] Foto: ntonio Marin Jr/Flickr[/caption]

Num dia soalheiro de verão, a Cigarra cantava feliz.

Enquanto isso, uma Formiga passou perto. Vinha carregando penosamente um grão de milho que arrastava para o formigueiro.

- Por que não ficas aqui a conversar um pouco comigo, em vez de te afadigares tanto? – Perguntou-lhe a Cigarra.

- Preciso de arrecadar comida para o inverno – respondeu-lhe a Formiga.

– Aconselho-te a fazeres o mesmo.

- Por que hei de me preocupar com o inverno? Comida não nos falta… – respondeu a Cigarra, olhando ao redor.

A Formiga não respondeu, continuou o seu trabalho e foi embora.

Quando o inverno chegou, a Cigarra não tinha nada para comer. No entanto, viu que as Formigas tinham muita comida porque a tinham guardado no verão. Distribuíam-na diariamente entre si e não tinham fome como ela. A Cigarra compreendeu, finalmente, que tinha feito a escolha errada.

Algumas pessoas são como a Cigarra, passam a maior parte do tempo se divertindo. Outras são como a Formiga, passam o verão trabalhando arduamente e descansam no inverno. Alguns indivíduos deixam o trabalho absorver toda a sua vida pessoal durante as quatro estações do ano. Talvez, pelo fato desse comportamento ser considerado positivo, afinal de contas, esses indivíduos estariam produzindo algo em prol da comunidade.

Esses indivíduos acreditam não haver horas suficientes em um dia para dedicar a atividade profissional. Destarte, trabalham incessantemente, provocando danos à saúde, à vida pessoal e, inevitavelmente, à vida familiar.

Ao contrário da Formiga, que após trabalhar durante todo o verão, esta descansa durante o inverno e aproveita a companhia das outras formigas. O indivíduo viciado no trabalho não sabe quando parar de trabalhar e fica desnorteado se não está dedicando todo o seu tempo ao trabalho.

Outros, que buscam uma ação responsável, ao perceber que passar todo o verão cantando ou trabalhando não foi a decisão correta; arrependidos do tempo desperdiçado, começam a trabalhar e a cantar de maneira mais consciente e responsável.

Já aqueles que fingem que o inverno jamais chegará, postergam o despertar da consciência, que mais cedo ou mais tarde irá se manifestar, muitas vezes, por agirem assim, continuam enfrentando invernos duros e solitários.

Concluindo: dessa fábula infantil aprendemos com a Formiga e com a Cigarra que existe um tempo para todas as atividades. Um tempo para trabalhar e um tempo para descansar.

Nossa civilização oferece várias opções de atividades culturais e de lazer para o enriquecimento emocional e para o despertar da consciência: por que não se aproveitar? Se você é um destes indivíduos, que só pensam em trabalhar, considere a seguinte alternativa: 8 horas para trabalhar, 8 horas para dormir e 8 horas para o lazer.