Rosana Brasil: Depressão e tristeza

Por Rosana Brasil

Atualmente, é bastante comum ouvir que alguém está “deprimido” quando alguém está passando por um período muito difícil. Mas, afinal, o que é realmente depressão?

Para entendermos o que é depressão, é importante esclarecer as principais diferenças entre depressão, tristeza e luto.

Tristeza e luto são reações normais a determinadas situações ou perdas. Portanto, apresentar tristeza e entrar em processo de luto após um acontecimento marcante (por exemplo, a perda de um ente querido ou o término de um relacionamento) pode ser uma reação normal, esperada e até mesmo saudável - desde que ocorra em período e em intensidade limitados. Tristeza e luto tendem a resolver espontaneamente, na maioria das vezes.

Por outro lado, depressão é um estado mental caracterizado por tristeza, perda de interesse ou prazer, sentimentos de culpa ou baixa autoestima, alteração de sono ou apetite, perda de energia e alteração da concentração na maior parte do dia durante pelo menos duas semanas consecutivas.

A depressão pode ocorrer em pessoas de qualquer sexo, idade e nível de escolaridade ou socioeconômico. Além disso, há diferentes níveis de gravidade de depressão, podendo ser leve, moderada ou grave. Pode se tornar crônica ou recorrente, causando grande dificuldade para o indivíduo lidar com as tarefas da vida diária. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão é a principal causa de invalidez que acomete o indivíduo.

Informações Gerais sobre Depressão (OMS)

A média de idade para início da depressão é o final da segunda década de vida, mas pode começar em qualquer idade (APA, 2006). O indivíduo com depressão pode apresentar sintomas depressivos com ou sem sintomas ansiosos associados:

a. Principais sintomas depressivos: desânimo, tristeza persistente, desesperança, apatia, perda do interesse/prazer em atividades anteriormente prazerosas (como hobbies), choro fácil, irritabilidade, pessimismo, ideias de morte, cansaço exagerado e constante, insônia ou excesso de sono, aumento ou diminuição do apetite, dificuldade para tomar decisões, diminuição da concentração, alteração da libido.

b. Principais sintomas ansiosos: preocupação intensa e desproporcional frente a fatos do dia a dia, apreensão constante, medo exagerado, angústia, inquietação, sensação de taquicardia frequente.

A evolução de um episódio depressivo é muito variável em relação à sua duração. Em média, se não tratada, a depressão dura seis meses ou mais.

O diagnóstico deve ser realizado por médico, preferencialmente psiquiatra, baseado na história detalhada do estado emocional do cliente durante os últimos seis meses, isto é, não há exames laboratoriais que possam auxiliar na elaboração do diagnóstico. Porém, exames devem ser realizados, a fim de se excluir outras possíveis doenças que podem estar causando a depressão ou episódio depressivo.

O objetivo principal do tratamento é a melhora completa dos sintomas. Em muitos casos, está indicado o tratamento com medicamentos antidepressivos, psicoterapia, exercícios diários e dieta balanceada. Após a resolução dos sintomas depressivos, recomenda-se continuidade do tratamento para prevenir possíveis recaídas.

Portanto, tristeza/luto e depressão são diferentes e merecem abordagens diferentes. Se houver dúvida sobre estar ou não com depressão, é recomendado consultar um especialista para aumentar as chances de recuperação, evitando relapsos com prejuízo a qualidade de vida.