Rosana Brasil: É morrendo que nascemos

Por Rosana Brasil

sol-copy

Platão, no livro A República, capítulo VII, convida o leitor a imaginar “um grupo de seres humanos que vivem em uma caverna subterrânea desde a infância. Esses indivíduos vivem nesta caverna desde a infância, e eles estão com seus pescoços e pernas acorrentados uns aos outros. Eles só conhecem a caverna e nada mais. A uma certa distância há uma fogueira, única fonte de calor e de luz. A sombra dos seres humanos é projetada pelo fogo na parede da caverna; no entanto, esses indivíduos desconhecem ser suas próprias sombras projetada na parede. Destarte, ficam temerosos das figuras em movimentos que aparecem na caverna".

O autor acrescenta no mesmo capítulo que “supondo-se que esses indivíduos de repente possam se libertar das correntes e andar livremente pela caverna, será que eles acreditariam estarem livres? Será que eles acreditariam que as sombras na parede fossem apenas um reflexo de si mesmos? Será que tentariam fugir da luz da fogueira, ou se aproximariam do fogo sem pestanejar? E supondo-se, ainda, que descubram uma pequena passagem que os levassem para fora da caverna, na presença da intensidade e da claridade do sol, será que a visão iria escurecer com o excesso de luz do sol?”

Enquanto Platão nos convida a refletir sobre a necessidade de nos libertarmos das correntes que nos prendem ao “normal e corriqueiro”. Outro filósofo, Emerson Aldo, no seu texto intitulado “Auto-Suficiência”, nos ensina a “aceitarmos o lugar que a providência divina nos colocou”, seja este lugar dentro ou fora da caverna, bem como a não termos medo, e a confiarmos e sermos curiosos como uma criança. Assim como uma criança disposta a explorar e aprender, a atentar para as diferenças e semelhanças em tudo e em todos ao seu redor, ser curioso, confiante e grato pelas várias experiências de vida é a forma pela qual avançamos das sombras para a luz.

A seguir, infusos com o desejo de compartilhar com outros essa nova fonte de sabedoria , passamos a disseminar as informações assimiladas. Esta informação, a informação de sermos seres perfeitos e iluminado, seres que estão vivendo momentos dentro da caverna escura, porém, esperando pelo momento em que estamos prontos para sair da escuridão e do medo. Quando aprendemos a reconhecer a nossa luz interior, somos guiados a luz exterior.

De acordo com o filósofo Frances Baudelaire, isso significaria a diferença entre viver com intensidade ou viver à margem da vida, reclamando da escuridão da caverna. Infelizmente, poucos têm a coragem de acreditar, aceitar e manifestar a sua personalidade.