Rosana Brasil: Nunca é tarde

Por Rosana Brasil

casal

Quando os japoneses consertam objetos quebrados, eles enaltecem a área danificada preenchendo as fissuras com o ouro. Eles acreditam que, quando algo sofre um dano, torna-se uma peça mais bonita, mais rica, uma peça que tem uma história a contar. O resultado é que as cerâmicas não são apenas reparadas, mas tornam-se ainda mais fortes do que seu estado original. Em vez de tentar esconder as falhas e fissuras, essas são acentuadas e celebradas como partes mais fortes da peça.

Quebrar é parte do processo! Em muitos momentos, temos a vontade de trocar, desmanchar, desfazer algumas das partes de nossas vidas. Pode-se dizer que destruir, criar, desfazer, refazer são fases fundamentais da vida e do processo criativo. Destruir, criar e sustentar são aspectos diferentes de uma só verdade: que estamos vivos.

Poucos casais envolvidos com os preparativos para o casamento refletem como irão “reparar as eventuais rachaduras e tornar o relacionamento mais bonito”. A maioria visualiza o futuro apenas sob os aspectos românticos do relacionamento monogâmico, feliz e próspero, e assumem erroneamente que falhas e fissuras não ocorrerão.

No entanto, quando casais decidem enfrentar os momentos mais sombrios e perigosos do casamento, usando apenas a verdade e sinceridade, estarão preenchendo as fissuras com compaixão, tornando a história do relacionamento conjugal mais sólida e, provavelmente, mais feliz. Ou ainda descobrindo uma história pessoal mais exuberante e original.

Debbie se casou com Paul, médico renomado. Juntos, tiveram um filho antes do primeiro aniversário de casamento. Tinham uma vida confortável, uma bela casa com vista para o mar, recebiam amigos com frequência.

Igualmente impressionante era a dedicação de Paul ao trabalho, visando manter o “status” financeiro da família. Debbie estava constantemente ocupada com o filho, compras, recepções, manutenção das casas, bem como sua aparência jovem. Tudo parecia perfeito, porém, eram duas pessoas diferentes, com sonhos e visões incompatíveis para o futuro da família.

Debbie ficou paralisada quando descobriu uma fissura em seu relacionamento com Paul. Seu sonho de uma vida familiar idílica havia desmoronado. A única coisa que a manteve viva foi a determinação de proporcionar uma vida melhor para si e para o seu filho. Durante o processo de separação, Debbie encontrou a luz no fim do túnel da separação, quando aceitou que esteve casada com a ilusão de uma vida familiar idílica e não com Paul.

Debbie descobriu uma história pessoal exuberante quando preencheu as fissuras do relacionamento com um profundo desejo de compartilhar harmoniosamente a criação do filho com Paul, e aceitando que ambos deveriam seguir caminhos diferentes.