Rosana Brasil: Perdão

Por Rosana Brasil

perdao

Perdão não é uma ação ou ato ocasional. É uma atitude permanente.

Martin Luther King Jr.

Perdão é a ação consciente de reconciliar com alguém que causou dor física ou emocional. O esposo que toma o partido da irmã em detrimento da esposa e dos filhos, busca reconciliação com a esposa ao reconhecer que seu ato de lealdade para com a irmã foi também uma quebra no acordo de ser leal para com a sua família, e pede desculpas ao adotar uma atitude permanente de atenção aos interesses da esposa e dos filhos.

"Almir do Picolé”, hoje com 35 anos, teve uma infância difícil. Foi abandonado pelos pais, morou na rua e depois viveu num orfanato no Sergipe, Nordeste do Brasil, de onde saiu em 1989. A partir daí, ele foi morar numa vila chamada “Vila da Miséria”. Hoje, Almir do Picolé suporta uma creche para 50 crianças.

Perdão é parte da atitude do Almir do Picolé. Almir não questiona se deve ou não ajudar a quem precisa. Ele simplesmente ajuda. A atitude generosa de Almir do Picolé é realmente uma atitude permanente de perdão a um sistema social que o falhou durante a infância.

"Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores" (Mateus 6:12)

Você e eu talvez não tenhamos tido uma infância difícil, porém, temos diferentes feridas para sarar através do perdão. Perdoar aqueles que nos fizeram sofrer, um amigo que fez comentários inadequados; um esposo inadvertido que toma o partido da irmã ou da mãe em detrimento da esposa; ou um chefe que dá preferência a um certo empregado, são exemplos de situações nas quais alguém saiu machucado porque palavras foram ditas ou ações foram tomadas sem levar em consideração o bem-estar do outro. Clarice Lispector diz: “Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado”. Assim, quando escolhemos perdoar os erros e as decepções, escolhemos também sarar as feridas causadas pelas decepções sofridas no passado.

Vejamos como perdoamos:

  1. Quando alguém me magoa:
    1. Paro de falar com a pessoa até que ela peça desculpas.
    2. Fico muito triste, porém, escolho ignorar o acontecido e sigo em frente.
    3. Confronto a pessoa imediatamente.
  1. Se alguém me magoa e se recusa a pedir desculpas:
    1. Fico com raiva e evito contacto com a pessoa.
    2. Ignoro, não faço caso e deixo a raiva passar.
    3. Confronto a pessoa e digo como estou me sentindo.
  1. Quando lembro do acontecido e da dor que senti:
    1. Relembro a pessoa da dor que senti.
    2. Procuro esquecer.
    3. Fico com raiva, porém, procuro esquecer pensando em outras coisas.
  1. Quando eu sou a causadora da dor:
    1. Procuro explicar minhas ações.
    2. Me sinto mal, mais não falo nada.
    3. Procuro a pessoa e peço desculpas pela dor provocada.
  1. Quando alguém me confronta com algo que eu tenha feito de errado:
    1. Procuro me defender e acuso alguém.
    2. Mudo de assunto.
    3. Assumo a responsabilidade e peço desculpas.

Revendo as suas respostas, a que conclusão chegou?

  1. Você reage com raiva e procura se defender quando alguém a confronta.
  2. Você evita conflitos.
  3. Você busca o entendimento e a resolução dos problemas a medida que eles vão surgindo.

Nós somos livres para amar, para odiar. Por causa desta liberdade, algumas vezes tomamos decisões precipitadas e acabamos decepcionando aqueles que nos rodeiam. No entanto, também somos livres para perdoar e para pedir perdão. Mais importante é sermos livres para viver autenticamente.