Rosana Brasil: Transformando o karma familiar

Por Rosana Brasil

A maçã não cai longe da macieira. Esta expressão idiomática se refere ao carácter ou personalidade inerente de um pai ou avô, bom ou mau, que parece ser herdada por um filho. Por exemplo, a mãe é uma pessoa generosa e um filho ou filha demonstra o mesmo espírito generoso. Se o pai é um desleixado e abusivo com seu filho, e este parece agir da mesma forma, pode-se dizer “que a maçã não cai longe da árvore”.

O que isso significa é que as crianças terão tendência ou, pelo menos, algumas semelhanças com um ou ambos os pais. Eles não serão tão diferentes, que as pessoas que conhecem os pais, não serão capazes de ver as semelhanças.

Isso significa que não há como negar que herdamos características de nossos pais, bem como de nossos ancestrais. Estas características são perceptíveis em nossa personalidade, nos traços físicos, no humor, na inteligência; são marcas hereditárias. É possível que sejamos tão autoritários, ou tão críticos, ou generosos como nossos ancestrais; no entanto, nem sempre temos a capacidade de reconhecer em si próprios estas características, portanto, continuamos perpetuando o mesmo comportamento. Contudo, mais cedo ou mais tarde, nossos filhos, quando têm a liberdade para se expressar sem receio de serem retaliados, irão nos mostrar estas características com sagacidade e finura.

Assim sendo, caso tenhamos o desejo de agir diferente, é importante avaliarmos nosso comportamento, através do contínuo questionamento sobre nossa atitude e nossos valores em contraste com o de nossos ancestrais.

Muitas vezes, ficamos presos a uma fórmula ou modelo de comportamento, e nos fechamos para avaliarmos outras hipóteses. Ou seja, “foi assim com o meu avô, com meu pai, comigo e não dever ser diferente com meu filho”. “Foi assim que eu cresci, e não vejo porque as coisas devam ser diferentes com meu filho”. Talvez esse filho, essa nova geração, tenha outras necessidades, visto estar vivendo em um período social diferente, e vá ser mais feliz se buscar explorar outras perspectivas.

Pergunte-se a si mesmo qual é a fórmula ou modelo de comportamento ou canção familiar que você tem escutado durante os últimos anos? Será que ela lhe agrada? Será que não está na hora de trocar a “valsa por um jazz ou até mesmo um samba” ao invés de reagir à música que tem tocado nos últimos anos? Seja proativo e mude o disco, aprenda a dançar uma nova balada! Dessa maneira, a inclusão de novas formas de pensar, de viver a vida e de construir um novo mapa também contribui para a família renovar suas referências e crescer.

Nós não mudamos os outros, nós apenas podemos mudar a nós mesmos, porém, o nosso despertar influencia e estimula o despertar dos outros indivíduos ligados diretamente ou indiretamente a nós.

Basta que apenas um ser humano rompa com as algemas da ilusão e liberte-se da escravidão do “eu sempre fui assim e não posso mudar”. Basta mudar o mecanismo de reação inconsciente para uma ação consciente.