Rússia diz que vai aumentar remessa de gás para Europa

Por Gazeta Admininstrator

Hungria está entre países que comunicaram queda no suprimento
A Gazprom, a empresa estatal russa de energia, disse que vai aumentar o suprimento de gás que remete para a Europa por meio do gasoduto que passa pela Ucrânia.
O porta-voz da empresa, Sergei Kupriyanov, disse à BBC que a iniciativa compensaria quedas que vinham sendo registradas em países europeus e comprovaria que a Gazprom é um fornecedor confiável.

Muitos países europeus, entre eles França, Itália, Áustria e Polônia, comunicaram que houve queda de volumes de gás fornecidos pela Gazprom.

Segundo Kupriyanov, a redução no volume de gás foi causado pela Ucrânia que, afirmou ele, desviou o equivalente a U$25 milhões em gás natural exportado para a União Européia.

A Ucrânia nega ter ficado com o gás, mas disse que desviaria uma parte se as temperaturas no país continuassem a cair.

A Rússia cortou o fornecimento de gás para a Ucrânia no domingo. Os dois países não conseguiram chegar a um acordo sobre um aumento nos preços do produto.

'Preocupação'

A União Européia e os Estados Unidos manifestaram preocupação com o caso.

O departamento de Estado americano disse que a decisão russa, de cortar o fornecimento de gás, levanta "sérias dúvidas sobre o uso da energia como forma de exercer pressão política".

Segundo agências de notícias, Alexander Medvedev, vice-diretor da Gazprom, teria dito que a Ucrânia desviou 100 milhões cúbicos de gás nas primeiras 24 horas depois do corte no fornecimento.

A Rússia disse que não teve outra alternativa, depois que a Ucrânia se recusou a assinar um novo acordo aceitando o aumento imediato nos preços do gás de U$ 50 (cerca de R$ 120) para U$ 230 por mil metros cúbicos. O preço em média cobrado da União Européia é U$ 240.

A Rússia fornece 30% do gás consumido na Ucrânia, e atende a cerca de 25% da demanda da União Européia. Exportações para a União Européia e para a Ucrânia são feitas por meio dos mesmos gasodutos.

Hungria, Polônia e Áustria relataram queda em seus suprimentos de gás depois do corte. O Comissário de Energia do bloco, Andris Pielbags, disse que a crise está gerando preocupação.

O governo da Ucrânia insiste que o aumento no preço do gás tem motivações políticas, pois ocorre depois da chamada Revolução Laranja e a eleição do candidato pró-ocidente, Viktor Yushchenko.

Outros países que permanecem sob influência da Rússia continuam a receber gás a preços mais baixos que os praticados no mercado.

Yushchenko disse que a Ucrânia, atualmente, está preparada para pagar não mais do que US$ 80 por 1 mil metros cúbicos de gás.

Reunião

A Ucrânia afirmou que tem direito de usar 15% dos suprimentos restantes nos gasodutos como pagamento pelo transporte do gás para a Europa Ocidental.

Na Hungria, a companhia de gás MOL afirmou que seus suprimentos procedentes da Rússia tinham caído 25%. O Ministério da Economia aconselhou os grandes consumidores a usarem fontes alternativas se possível.

O maior fornecedor de gás da Alemanha afirmou que o corte no fornecimento pode gerar problemas se a situação não for resolvida rapidamente. Polônia e Áustria já relataram queda em seus suprimentos.

Governos da União Européia estão organizando uma reunião de suas autoridades do setor de fornecimento de gás em Bruxelas, no dia 4 de janeiro, para discutir a crise.