Saddam tenta dominar julgamento; caso adiado para dezembro

Por Gazeta Admininstrator

O julgamento do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, por crimes contra a humanidade, foi retomado nesta segunda-feira num tribunal sob forte esquema de segurança. Saddam tentou assumir o comando da sessão e queixou-se furiosamente de ter sido forçado a subir, acorrentado, quatro lances de escadas. Um ex-ministro da Justiça dos EUA tomou parte na equipe de defesa do ex-ditador.

Após uma curta sessão na qual o primeiro testemunho foi lido e registrado, o juiz-chefe do caso, Rizgar Mohammed Amin, adiou o processo para 5 de dezembro, a fim de dar a Saddam tempo de contratar novos advogados para o lugar de dois que foram assassinados e de um terceiro que fugiu do país.

Saddam foi o último dos oito réus a entrar na corte, aparentando confiança e saudando as pessoas com o tradicional cumprimento árabe, "paz aos que são de paz". Ele trazia um exemplar do Corão. Saddam e os demais réus são acusados pelo massacre de mais de 140 xiitas na cidade de Dujail, em 1982. O massacre teria ocorrido em retaliação a uma tentativa de assassinato contra o então ditador. A condenação pode levar à pena de morte.

Uma vez no tribunal, Saddam teve uma discussão curta, mas acalorada, com o juiz-chefe, queixando-se de ter sido forçado a subir as escadas acorrentado. O juiz disse que pediria à polícia que cuidasse para que isso não ocorresse novamente. Saddam retrucou: "Você é o juiz. Não quero que você peça a eles. Quero que você mande. Eles estão no nosso país. Você tem a soberania. Você é um iraquiano e eles são estrangeiros. São invasores. Você deveria mandar neles".

Saddam queixou-se da escolta de "guardas estrangeiros" e que papéis importantes para sua defesa foram confiscados. O meio-irmão de Saddam, Barazan Ibrahim, que também é réu neste caso, queixou-se de não ter recebido tratamento adequado depois de ter sido diagnosticado com câncer, proclamando-se vítima de "homicídio indireto".

O ex-ministro da Justiça dos EUA Ramsey Clark e o ex-ministro da Justiça do Catar, Najib al-Nueimi, sentaram-se na bancada da defesa, ao lado do principal advogado do ex-ditador, Khalil Dulaimi.