Saudade sentimento que nunca cura

Por Samantha Di Khali

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Sempre é muito complicado falar sobre saudade, mas quando falo em saudade falo no sentido de algo forte que entra no coração, saudade de alguém que não está mais aqui entre nós. Sempre tento retratar tudo que vejo que leio, para dividir experiências e energias, Li esse texto enviando por um novo amigo, mas já muito querido por mim, o Jorge Rodrigues, fala que não é escritor que é apenas simpatizante, mas eu não concordo não, pois descrever sentimentos não é para qualquer um não. Eu achei o texto lindo e uma forma de entender porque sentimos tanta falta quando perdemos uma mãe, claro quis dividir com vocês. “ORFÃO AOS 56 ANOS” Autor Jorge Rodrigues Não vou falar de dor, quero falar de saudade. Porque sentimos saudades não apenas porque estamos longe, mas sim porque estivemos infinitamente próximos. A primeira proteção veio dos seus seios. Meus primeiros passos foram amparados por quem tinha o dom natural de proteger e divino de ser MÃE. Parecia ter nascido em um mundo perfeito, ela tinha este dom, apesar das dificuldades, deixarem os filhos alheios aos problemas. (ela queria que fôssemos felizes). Proteção foi sua mais ferrenha aspiração. Como alguém que nunca foi preparada para ser mãe se comportava como se fosse uma exímia conhecedora da vida? Sim, porque Mãe prevê tem instintos claros, mesmo sem ter acesso a informações fora do seu mundo, pobre e restrito. Fazia nosso barraco parecer um palácio, tinha até cinema de vez em quando! Com um lençol na parede, um antigo projetor e um filme de desenho animado, (que era repetido toda semana), junto com meu Pai, e sua fabulosa imaginação, faziam a alegria dos filhos e até dos vizinhos. Chantagens emocionais foram muitas, uma das artimanhas que usava para manter sempre unidos seus rebentos. Mãe, que poder de aglutinar emoções, que carinho, que amor sublime, e porque não dizer, no fundo no fundo, (no melhor dos sentidos), um amor egoísta. Na minha adolescência, drogas era uma de suas maiores preocupações, mesmo antes de eu saber sobre o assunto. Ela se antecipava a tudo que pudesse colocar em risco minha formação, que no seu entender por ser seu filho, deveria aos olhos dos outros, ser quase perfeito, e por conta disto seu motivo de orgulho. Aí entramos numa época de pequenos conflitos; o adolescente ficou adulto, mas aos seus olhos, uma criança grande. Confidente muito parcial. Tinha uma coisa que eu por certo iria sair sem resposta, era perguntar sobre as qualidades de uma nova paixão. Ninguém me merecia, ninguém era suficientemente sensível para me ter e ela perder. Egoísmo? Não, proteção ou será que era egoísmo mesmo. Foram inúmeras as confidencias que se tornaram do conhecimento de todo mundo. Por quê? Porque não sabia engolir uma espinha por muito tempo atravessada em sua garganta. Seu senso de justiça era uma das suas inúmeras e grandes qualidades. Chega a maturidade, aí eu podia falar perto dela alguns palavrões e contar algumas comedidas piadas. Com a maturidade, ficamos mais compreensivos mais tolerantes nossos valores mudam, foi o que aconteceu comigo. Passamos a nos relacionar como os dois maiores e melhores amigos deste mundo. Aí ela morreu. E deixou seu amigo, seu confidente, seu adolescente, seu bebê, seu filho de 56 anos, ORFÃO. Só tem uma coisa que ela disse 30 dias antes e eu não acreditei, não quero mais viver. E foi embora.