Sede da Renascer em São Paulo é pichada com mensagens contra a igreja

Por Gazeta Admininstrator

A sede da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, na Rua Lins de Vasconcelos, no Cambuci, Zona Sul de São Paulo, foi alvo de um grupo de pichadores na madrugada desta quinta-feira (11). Segundo moradores, um grupo de 10 pichadores escreveu frases contra o casal fundador da igreja - Estevam Hernandes Filho e Sônia Haddad Moraes Hernandes, detidos em Miami, nos Estados Unidos, na terça-feira - em um muro ao lado da entrada e da fachada do templo. Pouco depois, as frases foram cobertas por sacos plásticos pretos.

Na pichação estava escrito: "A crença do povo tem que ser respeitada. Na bíblia não se carrega dinheiro, ladrão! Estevam ladrão. Sônia ladra". Os ataques foram assinados pela gangues que se identificam como Túmulos, Trolhas, Bereta, Os Bicho Vivo, Malignos e DMN.

Respondendo a processos por falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, Sônia e Estevam, que possuem um capital avaliado em R$ 19 milhões, foram detidos em Miami na terça-feira após tentarem entrar nos Estados Unidos com US$ 56,5 mil em dinheiro vivo, não declarados.

O casal, que está nos Estados Unidos, foi preso no Aeroporto de Miami. Os bispos só foram liberados pela polícia federal americana, o FBI, depois de pagar fiança de US$ 100 mil, mas permanecem na Flórida à disposição da Justiça americana.

Na quarta-feira, o juiz da 1ª Vara Criminal de São Paulo Paulo Rossi determinou a prisão preventiva dos bispos. A decisão é baseada em pedido de prisão feito na terça-feira (9) pelos promotores do Grupo de Atuação de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual. Os promotores acusam o casal de continuar a realizar lavagem de dinheiro mesmo respondendo a processo no Brasil.

Rossi solicitou à Interpol, organização policial internacional, a emissão de um alerta internacional para a prisão do casal, mas a organização recomendou ao juiz paulista que envie um ofício pedindo a extradição dos brasileiros ao Ministério da Justiça no Brasil. Depois disso, o Ministério das Relações Exteriores deverá apresentar uma nota verbal ao governo americano solicitando a abertura do processo de extradição.

A partir disso, inicia-se um processo formal na Justiça americana, inclusive com possibilidade de recursos para os advogados do casal brasileiro. Uma vez determinada a extradição, agentes do Interpol no Brasil devem dirigir-se aos EUA para efetuar a extradição do casal.

O casal levava dinheiro escondido até na capa de uma Bíblia. Segundo um documento da imigração americana, traduzido para o português, o dinheiro estava, além da Bíblia, escondido em um porta-CDs, em uma mochila e em parte da bagagem despachada.

A informação de que o casal desembarcaria em Miami, nos Estados Unidos, partiu dos promotores do Gaeco. O flagrante em Miami motivou os promotores a realizarem um novo pedido de prisão preventiva, pois a quantia encontrada comprovaria que os bispos continuam a realizar atos ilícitos.

Divergência
Há divergências sobre o destino dos bispos nos Estados Unidos. O Consulado Americano em São Paulo afirma que o casal está em um presídio federal desde terça-feira. A fiança de US$ 100 mil paga na terça-feira teria relação com outras pendências criminais no país.

O chefe da Divisão de Cooperação e Operações Policiais Internacionais da Polícia Federal, Glorivan Bernardes de Oliveira, representante da Interpol no Brasil, disse ao G1 que o casal está solto sob fiança em Miami, morando em endereço declarado à Justiça e sob vigilância das autoridades policiais locais, de acordo com informações que ele trocou com agentes da Interpol em Washington.

Habeas corpus
Os bispos já tinham sido alvo de outro pedido de prisão feito pelos promotores do Gaeco em 17 de novembro. O pedido foi feito com base na ausência dos acusados em uma audiência do processo em que são acusados de praticar crimes de estelionato contra fiéis da Renascer e lavagem de dinheiro arrecadado em cultos.

O mandado de prisão foi cassado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 19 de dezembro. Nesta quarta-feira, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu manter a decisão de não interferir na liminar expedida pela ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Laurita Vaz.

De acordo com a decisão do TJ-SP, o fato de a liminar já ter sido julgada pelo STJ, um instância superior ante o tribunal paulista, o pedido foi considerado "prejudicado" e o casal permanecerá em liberdade.

A assessoria de imprensa do STJ informou que o mérito do habeas corpus ainda será julgado pelo colegiado dos ministros. O julgamento deve ocorrer a partir de 1º de fevereiro, quando os ministros retornarem das férias.

O advogado dos bispos, Luiz Flávio Borges D'Urso, afirmou que ainda não recebeu informações a respeito do pedido de prisão e que não pode ainda comentar a dimensão que esse pedido terá dentro do processo.

D'Urso lembrou que o processo corre em segredo de Justiça. Ele contestou ainda a informação de que os bispos pagaram US$ 100 mil de fiança nos Estados Unidos. Segundo ele, o valor foi de US$ 5 mil. "O resto é folclore", disse o advogado.