Segunda-feira (12), Varig cancela 7 vôos.

Por Gazeta Admininstrator

Passando por uma grave crise financeira e com pouco capital para pagar combustível e manutenção de aviões, a Varig já cancelou ao menos sete vôos nesta segunda-feira(12)

A companhia confirmou apenas que foi obrigada a cancelar 4 vôos entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo nesta manhã por falta de documento da aeronaves. Dois vôos tinham desembarque previsto no aeroporto de Congonhas (SP) e 2 no Santos Dumont (RJ).

De acordo com a Infraero (empresa que administra os aeroportos brasileiros), entretanto, também foi cancelado um vôo entre Buenos e Rio de Janeiro nesta manhã. Já a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) confirmou que dois vôos entre o aeroporto de Congonhas (SP) e Belo Horizonte foram suspensos.

No final de semana, a Anac afirmou que 4 vôos internacionais deixaram de partir do aeroporto de Guarulhos (SP): um para Miami (EUA), outro para Nova York (EUA), um terceiro para a Cidade do México e o último para Santiago (Chile).

De acordo com a empresa, quatro vôos foram cancelados hoje por falta de documentação de aviões, e não porque não haveria caixa para arcar com despesas como combustíveis e taxas aeroportuárias. A Anac afirma, entretanto, que a Varig não apresentou nenhuma justificativa pelos cancelamentos até o momento.

Procurada, a assessoria da BR Distribuidora, empresa que fornece combustíveis à Varig, não quis fazer nenhuma comentário sobre o assunto.

A empresa também tem problemas para realizar a manutenção dos aviões. A frota da Varig soma 60 aviões, mas só 46 estão em operação. Além disso, a Justiça de Nova York determinou na última sexta-feira o arresto (apreensão) de sete aeronaves a pedido da Boeing.

Leilão

Os problemas de caixa da Varig são públicos e admitidos pelos seus próprios executivos. O juiz Luiz Roberto Ayoub, que cuida do caso Varig, adiantou o leilão de venda da empresa, realizado na semana passada, em mais de um mês porque não haveria caixa para que seus aviões continuassem a voar.

No leilão, a empresa obteve apenas uma oferta de compra, do TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), que propôs pagar R$ 1,01 bilhão pelas operações domésticas e internacionais da Varig.

A Justiça do Rio deve se manifestar hoje sobre uma eventual invalidação da proposta. Sua rejeição deixaria a empresa aérea mais próxima da falência, já que na terça-feira o juiz Robert Drain, da Corte de Falências de Nova York, decidirá se mantém a proteção contra o arresto (apreensão) de aeronaves da empresa aérea.

A proposta da TGV é vista com ceticismo por credores porque prevê, entre outras coisas, que metade do pagamento de R$ 1,01 bilhão seria feito por meio da emissão de debêntures (títulos de dívida privada) e lucros futuros --ou seja, dinheiro que pode demorar a chegar ao bolso dos credores. Além disso, o grupo não informou como vai conseguir os outros R$ 285 milhões que deveriam ser pagos à vista.

Para que a Justiça confirme a validade do leilão, o TGV ainda precisa comprovar que tem condições de fazer o aporte de US$ 75 milhões previsto no edital que será necessário para dar continuidade aos vôos da empresa.

Na sexta-feira, o fundo Multilong Corporation, de um investidor chamado Michael Breslow, surpreendeu e apresentou uma proposta de US$ 800 milhões pela Varig, mas o pagamento seria financiado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Por isso, não haveria nada de concreto nessa oferta, segundo o Ministério Público.