Seleção entra em campo nesta quinta-feira contra o Japão.

Por Gazeta Admininstrator

Dortmund (Alemanha) — A Seleção Brasileira chegou à Alemanha como grande favorita ao título. Passados dois jogos, viu-se um time com meio-campo pouco criativo e ataque inoperante. A euforia dissipou-se. Mesmo assim, o time conseguiu a classificação antecipada para as oitavas-de-final da 18ª Copa do Mundo com uma rodada de antecedência. O jogo contra o Japão, hoje, às 16h (de Brasília), em Dortmund, é quase um amistoso. Basta um empate para o Brasil confirmar o primeiro lugar do Grupo F. A primeira posição pode ser garantida até mesmo com derrota, desde que a Austrália não goleie a Croácia no outro jogo do grupo.

O técnico Carlos Alberto Parreira fará mudanças. Mas não diz quais. Tende, porém a preservar jogadores que já têm cartão amarelo. São os casos de Cafu e Emerson. Ronaldo e Robinho vão atuar, apesar do cartão que receberam. Os dois primeiros devem abrir vaga, respectivamente, para Cicinho e Gilberto Silva. Parreira já antecipou a escalação de Ronaldo para dar mais ritmo de jogo ao Fenômeno.

Uma opção ainda não testada, que pode ocorrer durante o jogo, é Juninho Pernambucano no meio-campo, com Ronaldinho Gaúcho mais à frente. Nesse caso, sairia Ronaldo ou Robinho. Parreira diz, porém, que só anunciará o time no estádio, no limite do prazo definido pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). Independentemente das alterações, porém, a torcida brasileira e os admiradores do futebol pelo mundo esperam bem mais do que foi mostrado até agora.

Expectativa

Mesmo com as mudança que deve promover na equipe, Parreira alimenta a mesma expectativa de toda a torcida brasileira, a de que a Seleção, finalmente, mostre futebol. Embora, claro, o comandante não tenha usado exatamente essas palavras. “Espero que amanhã (hoje), sem a pressão pela classificação, o time possa se desenvolver melhor no aspecto físico, técnico e tático”, afirmou. “Vai ser um bom jogo de preparação para as oitavas-de-final.”

A fase seguinte e as quartas-de-final são consideradas por Parreira como as mais complicadas no torneio. “Digamos que é uma competição diferenciada nesse meio. Na primeira fase, joga-se três vezes e é possível perder ou empatar uma e continuar. As oitavas e as quartas, para mim, são o crucial da competição, os períodos mais difíceis de todos”, afirmou. “É o lado mental, físico, emocional. Quando chegar à semifinal, faltarão seis dias para terminar a Copa. Aí, a motivação é total, o cara vai de corpo e alma.”

Apesar de repetir por três vezes que o confronto com o Japão “não será de risco” porque o Brasil já está classificado, Parreira fez questão de manter o mistério sobre a escalação. “Darei o time somente no vestiário”, decretou. “Temos variantes, algumas coisas para serem retocadas. Não tenho pressa, e a necessidade do jogo é relativa.” Logo em seguida, no entanto, tratou de se explicar. “Quando a Seleção se apresenta, é sempre importante, ainda mais numa copa do mundo, valendo o primeiro lugar”, atenuou. “Vamos fazer uma reunião hoje à noite (ontem) com os jogadores, apresentar o adversário, fazer comentários sobre o jogo anterior, discutir algumas coisas e anunciar amanhã (hoje).”

O técnico não levará em conta a vontade dos jogadores de atuar, embora muitos tenham dito que não querem ser poupados. “Eles não serão ouvidos. A decisão será nossa. É comum o jogador querer atuar. É o óbvio ululante de Nelson Rodrigues”, afirmou. “Se perguntar, qualquer um deles vai dizer que quer jogar. Temos de analisar as variantes e tomar a decisão que for melhor para a Seleção.”

Parreira disse não acreditar que o mistério causará ansiedade no grupo. “Eles estão acostumados. Aqui na Europa, todos treinadores fazem isso. É no vestiário que os jogadores ficam sabendo se vão jogar. Já estamos dando a escalação há 40 dias, mano”, irritou-se. “Está tudo tranqüilo. Gosto que a minha equipe vá dormir sabendo quem vai jogar. Sempre adotei essa postura, mas neste jogo não vejo necessidade.”

Japão

Como o Japão ainda tem chances matemáticas, Parreira espera um rival complicado. “O Japão perdeu para a Austrália por um resultado fortuito. O jogo foi igual. Depois, empatou com a Croácia”, explicou. “É um time que dá muito trabalho pela aplicação tática e, principalmente, velocidade. Aquelas bolas nas costas em velocidade infernizam qualquer defesa. Precisamos ter cuidado. Por um descuido nosso, podem criar problema.”

A necessidade da vitória não fará a equipe nipônica atuar mais aberta do que a Croácia e a Austrália, conforme avaliou Parreira. Sinal de que será mais um jogo de paciência, para o time e para a torcida. “São muito poucas as seleções que não mudam seu modo de jogar. De maneira geral, todas se ajustam para dificultar contra o Brasil”, argumentou.

O treinador garantiu que não tem preferência para a próxima fase. Ele usou a velha máxima de que time que pretende ser campeão não pode escolher adversário. “Qualquer um do grupo (Estados Unidos, Gana, República Tcheca e Itália) pode passar. É isso que eu digo: está apertado, com sofrimento. Estamos observando tudo com cuidado.”