Senado aprova Lei da moradia

Por Gazeta Admininstrator

Com 63 votos a favor e cinco contra, o Senado dos Estados Unidos aprovou o projeto da Lei de Moradia, que prevê um programa de $ 300 bilhões para ajudar os mutuários a refinanciarem hipotecas, reforma a Agência Federal de Habitação (FHA) e muda a regulamentação das agências de crédito hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac.

O projeto aprovado é diferente daquele que já havia sido votado na Câmara, de modo que as duas Casas do Congresso precisarão negociar um texto unificado, antes de enviá-lo ao presidente dos EUA, George W. Bush, para sanção.

O presidente do Comitê de Bancos do Senado, Christopher Dodd (Partido Democrata/Connecticut), disse esperar que os projetos da Câmara e do Senado possam ser reconciliados em poucos dias, para que um texto único possa ser enviado a Bush, na próxima semana.

Dodd afirmou que ele e o presidente do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, deputado Barney Frank (Partido Democrata/Massachusetts), têm conversado sobre as medidas necessárias para unificar os dois projetos. “Minha esperança é que possamos lidar com isso rapidamen-te”, acrescentou.

Entenda a crise
A crise no mercado hipotecário é uma decorrência da crise imobiliária pela qual passa o país, e deu origem, por sua vez, a uma crise mais ampla, no mercado de crédito de modo geral. O principal segmento afetado, que deu origem ao atual estado de coisas, foi o de hipotecas chamadas de “subprime”, que embutem um risco maior de inadimplência.

O mercado imobiliário americano passou por uma fase de expansão acelerada, logo depois da crise das empresas “pontocom”, em 2001. Os juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano) vieram caindo para que a economia se recuperasse, e o setor imobiliário se aproveitou desse momento de juros baixos. A demanda por imóveis cresceu, devido às taxas baixas de juros nos financiamentos imobiliários e nas hipotecas. Em 2003, por exemplo, os juros do Fed chegaram a cair para 1% ao ano.

Em 2005, o “boom” no mercado imobiliário já estava avançado; comprar uma casa (ou mais de uma) tornou-se um bom negócio, na expectativa de que a valorização dos imóveis fizesse da nova compra um investimento. Também cresceu a procura por novas hipotecas, a fim de usar o dinheiro do financiamento para quitar dívidas e, também, gastar (mais).

As empresas financeiras especializadas no mercado imobiliário, para aproveitar o bom momento do mercado, passaram a atender o segmento “subprime”. Em busca de rendimentos maiores, gestores de fundos e bancos compram esses títulos “subprime” das instituições que fizeram o primeiro empréstimo e permitem que uma nova quantia em dinheiro seja novamente emprestada, antes mesmo do primeiro empréstimo ser pago. Também interessado em lucrar, um segundo gestor pode comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos.

Porém, se a ponta (o tomador) não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de não-recebimento por parte dos compradores dos títulos. O resultado: todo o mercado passa a ter medo de emprestar e comprar os “subprime”, o que termina por gerar uma crise de liquidez (retração de crédito).

Após atingir um pico, em 2006, os preços dos imóveis, no entanto, passaram a cair: os juros do Fed, que vinham subin-do desde 2004, encareceram o crédito e afastaram compradores; com isso, a oferta começa a superar a demanda e desde então o que se viu foi uma espiral descendente no valor dos imóveis. Com os juros altos, o que se temia veio a acontecer: a inadimplência aumentou e o temor de novos calotes fez o crédito sofrer uma desaceleração expressiva no país como um todo, desaquecendo a maior economia do planeta - com menos liquidez (dinheiro disponível), menos se compra, menos as empresas lucram e menos pessoas são contratadas.

Combate
Como medida emergencial para evitar uma desaceleração ainda maior da economia - o que faz crescer o medo que os EUA caiam em recessão, já que 70% do PIB americano é movido pelo consumo -, o presidente americano, George W. Bush, sancionou, em fevereiro, um pacote de estímulo que está dando cheques de restituição de impostos a milhões de norte-americanos.