Senado quer definir reforma de imigração esta semana.

Por Gazeta Admininstrator

Até a oposição começa a afirmar que derrubar o projeto seria um “suicídio político”.

O líder da maioria no Senado, Bill Frist disse no domingo,(2) que pretende votar integralmente no Senado a proposta de nova lei de imigração ainda esta semana. Ele acredita que é necessário que sejam tomadas medidas urgentes, apesar das profundas diferenças em torno do tema anistia.

Ele observa que anualmente cruzam ilegalmente a fronteira dos EUA 3 milhões de pessoas. “Nós não sabemos quem eles são. Não sabemos quais são as suas intenções. Nós temos que dar um jeito nisso. Espero que até sexta-feira(7) nós tenhamos uma ampla reforma para ser votada em plenário”, disse Frist, Republicano do Tennessee.

Um dos mais ferrenhos críticos da legalização de imigrantes, o senador Republicano James Sensenbrenner, de Wisconsin, considera a votação um desafio. “Essa será uma tarefa difícil, e a mais árdua que já encarei em 37 anos de vida pública. Mas é uma oportunidade importante”, disse.

Um dos pontos mais criticados da reforma é a possibilidade de oferecer cidadania aos imigrantes indocumentados que hoje já estão nos EUA, considerada “inaceitável” por políticos que compartilham do mesmo ponto de vista de Sensenbrenner.

Na opinião de Frist o tema é “um ponto fundamental”, e a versão final que sairá do plenário do Senado deve oferecer formas de legalização para os cerca de 11 milhões de imigrantes indocumentados que hoje estão nos EUA. “Não creio que devamos legislar para oferecer status privilegiados a pessoas que desrespeitaram a lei. Se alguém está aqui e cometeu delitos, crimes, ou não trabalha, sim penso que esses têm que voltar para casa”, esclareceu o Republicano.

Já o senador Lindsey Graham, Republicano de South Carolina, prevê que o senado aprovará integralmente o projeto que passou na Comissão Judiciária, e duvida que algum Republicano vá tentar bloquear sua aprovação. “Seria um suicídio político para o nosso partido barrar uma solução ampla para um problema real enfrentado pela América. Seria um suicídio político ignorar que há 11 milhões de pessoas indocumentadas, que estão tentando trabalhar e adicionar valor ao nosso país”, disse Graham.

Para o senador democrata Dick Durbin, de Illinois, é “cocebível” que o Senado chegue a um consenso. Para ele, permitir que indocumentados que já estão no país tenham direito a cidadania é necessário, uma vez que deportar milhões de trabalhadores seria uma medida irrealista. “Alguns estarão aptos a atender aos requisitos exigidos, outros não. Mas essa é a única maneira de tirar as pessoas das sombras e ter um sistema consistente e coerente com os valores americanos”, concluiu o senador.

O destino dos imigrantes na Flórida
Durante os últimos três anos, um em seis novos empregos oferecidos na Flórida são preenchidos por trabalhadores que estão ilegalmente no país, afirma o economista sênior do Wachovia Corp., Mark Vitner. Seja qual for a decisão do Congresso no debate sobre imigração – construir um muro ao longo da fronteira com o México, ou adotar um programa de trabalhadores convidados – poucos estados serão tão diretamente afetados quanto a Flórida e seus $60 bilhões movimentados anualmente na economia do estado.

O Pew Hispanic Center, grupo de pesquisas de Washington, estima que nos Estados Unidos, 24% de todos os trabalhadores agrícolas, 17% do setor de limpeza, 14% do setor de construção e 12% de todo o mercado de preparação de alimentos são ocupados por imigrantes ilegais. Estas estão entre as maiores indústrias do Centro da Flórida e qualquer corte de mão-de-obra seria prejudicial, dizem os economistas. “Isso criaria uma terrível desordem na Flórida, onde o mercado de trabalho é apertado por definição”, diz Vitner.

Mas nem todos concordam. A Federação Americana para Reforma da Imigração avalia que setores tais como agricultura, restaurantes, hotéis e construção beneficiam-se da contratação de imigrantes indocumentados, em prejuízo de trabalhadores americanos, pressionando para baixo os salários. “Milhões de trabalhadores norte-americanos, em todos os setores têm visto seus salários serem reduzidos pelo fenômeno da imigração ilegal em massa”, disse Dan Stein, presidente da entidade sem fins lucrativos que tem feito, sem sucesso, lobby por contrôles mais rígidos durante mais de 20 anos. Mas especialistas de ambas as correntes concordam que das indústrias-chave da Flórida contam massivamente com a mão-de-obra imigrante.