Senado volta a discutir imigração após massivos protestos em todo o País.

Por Gazeta Admininstrator

Segundo o senador Bill Frist, a Câmara Alta deverá considerar o tema novamente na semana que vem, depois de ter fracassado em abril na missão de conciliar amplas diferenças em torno da concessão ou não de status legal a um número estimado em 11 milhões de imigrantes.

Mas Frist, líder da maioria republicana, quer que a nova legislação concentre-se em endurecer o esquema de segurança na fronteira contra a entrada de imigrantes ilegais, e não em oferecer anistia para eles.

Gigantescos protestos, principalmente por parte de hispânicos, nas últimas semanas, reuniram pelo menos 600 mil pessoas em Los Angeles, e 400 mil em Chigago, dois maiores pontos de concentração de manifestantes em todo o País. Em Los Angeles, os organizadores estimaram em 1,5 milhão o número de participantes.

Além das manifestações públicas houve greve em grande número de estabelecimentos comerciais de origem hispânica e boicote de compras, a fim de demonstrar a força econômica da comunidade hispânica nos EUA. Muitas crianças e jovens também não compareceram à escola.

O senador republicano disse estar preocupado em tirar os imigrantes indocumentados das sombras. “Nós não sabemos quem eles são. Eles estão nas sombras e nós precisamos elaborar um plano para tirá-los das sombras, sem dar anistia indiscriminada, mas tratando-os de forma justa e com compaixão”, disse.

Já o líder da oposição democrata no Senado, Harry Reid, que defende um programa de anistia, deixou claro que os senadores ainda permanecem divididos. “Todos os dias nós esperamos para consertar o sistema de imigração, e a situação agrava-se”, disse.

O líder da minoria no Senado, Harry Reid disse na segunda-feira(1) que as manifetações “pacíficas e dignas” ressaltaram a necessidade de o Congresso aprovar uma ampla reforma da lei de imigração, que regularize o status da maioria dos imigrantes ilegais.

Segundo Reid, é necessário que haja uma coordenação de esforços. “Nós precisamos empreender esforços coesos e coordenados para reforçar a segurança de fronteira, criar mecanismos legais para que as empresas norte-americanas empreguem trabalhadores temporários, e para encorajar os 11 milhões de indocumentados a sair das sombras. Nós precisamos saber quem são essas pessoas e nos assegurar de que elas são produtivas, respeitam as leis e pagam seus impostos”, disse Reid no plenário do Senado.

De acordo com Reid, os democratas pretendem discutir até 20 emendas ao projeto de lei, e estão dispostos a considerar as propostas dos republicanos na composição da comissão do Senado que vai negociar um compromisso final com a Câmara.

Nas negociações atuais, os senadores Harry Reid, e Bill Frist estão focados em mais de 300 emendas propostas em abril pelos republicanos, mas frisando que a questão maior é se a maioria dos senadores republicanos vai apoiar projeto que se inclua tanto o reforço da segurança de fronteiras e de procedimentos quanto a concessão de status legal para a maioria dos indocumentados que estão no país.

Embora diga defender um acordo, Reid insiste em que a composição da comissão que negociará com a Câmara tem que ser definida antes de aprovada a lei de imigração no Senado. “Com os republicanos tendo passado um projeto que torna criminosos todos os imigrantes indocumentados, com o líder da maioria na Câmara tendo publicamente desconsiderado o projeto do Senado, e com o líder do Comitê Judiciário patrocinando a criminalização dos indocumentados, é imperativo que nós tenhamos um acordo claro sobre quem formará a comissão de negociação, antes de partirmos para a votação da lei”, disse Reid.

A estimativa é de que mais de um milhão de pessoas tenham participado das manifestações de 1° de maio, em todo o país. Grupos empresariais avaliam que o impacto do boicote foi limitado, uma vez que muitas empresas decidiram com antecedência não trabalhar na segunda-feira.

De acordo com dados da associação das empresas do setor, nove entre 10 trabalhadores da indústria de jardinagem, que emprega massivamente imigrantes, não trabalharam na segunda-feira(1). O presidente George W. Bush tem tentado há mais de dois anos aprovar uma reforma de imigração que regularize a entrada de trabalhadores ilegais no País com um programa de trabalho temporário.

Na semana passada, Bush teve um encontro com os senadores na tentativa de chegar a um acordo, mas encontrou severa resistência por parte dos membros do seu próprio partido, o republicano, que enfrentará eleições em novembro.

O congressista republicano Tom Tancredo disse à Fox Television que a média do povo americano não aceita quando vê hispânicos na rua reivindicando ter direitos, embora tenham entrado ilegalmente no país”.

Mesmo que o Senado chegue a um consenso, ainda será necessário conciliar a proposta tirada do Senado com aquela aprovada na Câmara, que transforma em crime a entrada no país sem autorização e, também, a ajuda a imigrantes indocumentados.