Senadores chegam perto de um acordo sobre reforma da imigração

Por Gazeta Admininstrator

O avanço surgiu quando diversos membros do comitê Judiciário do Senado concordaram em duas propostas, alinhavando elementos de diversos projetos que até então competiam entre si. Embora o compromisso não seja nenhuma garantia, fontes ligadas às discussões afirmam que o comitê provavelmente aprovará o acordo durante as votações do dia 27 de março.
Os entendimentos deram um novo ânimo aos esforços do comitê Judiciário do Senado com um esboço mais definido da lei, antes que todo o corpo legislativo inicie um debate de duas semanas no dia 27 de março.
Para o diretor de políticas de imigração da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, Angelo Amador, “há uma chance muito grande” de o programa de trabalhadores convidados ser aprovado no comitê. Mas legisladores de ambas as posições admitem que o resultado final ainda está cercado de incertezas.
O presidente Bush pediu ao congresso uma ampla reforma das leis de imigração do país para reforçar a vigilância de fronteira e criar um programa temporário de trabalhadores “hóspedes”, que protegeria os trabalhadores indocumentados que atualmente estão nos Estados Unidos.
A Câmara de Representantes já aprovou projeto de lei de imigração que torna mais severa a vigilância de fronteira, mas não inclui cláusulas sobre os trabalhadores hóspedes, algo que os republicanos criticam, dizendo ser um tipo de anistia que recompensa a conduta ilegal.
Os grupos defensores dos imigrantes dizem que o projeto de lei não chega a ser a reforma que, segundo eles, é necessária para resolver o problema de 11 milhões de migrantes ilegais nos EUA.
No Senado, muitos membros acreditam que o endurecimento na vigilância deveria ser conjugado com medidas que autorizem empregadores a contratar legalmente estrangeiros, uma idéia que muitos grupos de empresários consideram vital para um fluxo adequado da economia. O presidente Bush tem insistido na aprovação de um programa de trabalhadores convidados durante dois anos.
O programa de trabalhadores convidados é uma prioridade para grupos de empresários, incluindo muitos ligados ao setor agrícola.
Joe Colace, produtor de Brawley, em Calif, na Califórnia, disse que simplesmente não conseguiu mão-de-obra para a colheira de limão de dezembro em Imperial County. A cada safra, ele contrata oito grupos de 25 a 30 trabalhadores cada, mas no ano passado teve que contar apenas com cinco grupos de 18 a 20 trabalhadores, por absoluta indisponibilidade de mão-de-bra. “Não podemos deixar de atender à demanda, estamos perdendo terreno dia a dia. O risco já é grande o suficiente sem termos que nos preocupar se teremos ou não trabalhadores suficientes para colher a próxima safra”, disse Colace.
Ele acrescentou que ele e outros produtores sempre tentaram contratar trabalhadores americanos, mas freqüentemente têm dificuldades para encontrá-los. No ano passado ele submeteu à agência local de empregos pedido de 108 trabalhadores e recebeu apenas dois como resposta.
O republicano da Pennsylvania Arlen Specter, que preside o comitê Judiciário do Senado, sugeriu que possivelmente dará respaldo a um plano bipartidarista modificado, que abriria aos hoje ilegais as portas à cidadania.
O projeto de lei, respaldado pelos senadores John McCain, republicano do Arizona, e Eduardo Kennedy, democrata de Massachusetts, permitiria aos imigrantes indocumentados permanecerem no país por seis anos com vistos temporários de trabalho, depois de pagarem uma multa de $1 mil e serem aprovados por um processo de investigações de antecedentes criminais. Enquanto estivessem amparados pelo programa poderiam requerer a residência permanente, mediante o pagamento de multa de $1 mil e o preenchimento de requisitos adicionais.
Specter disse que estaria disposto a aceitar a proposta de McCain-Kennedy desde que aqueles que hoje estão nos EUA entrem na fila atrás dos mais de 3 milhões de estrangeiros que hoje aguardam fora do país a aprovação de suas residências. Os dois senadores autores da proposta asseguram estar dispostos a considerar este fator. “Creio que isso afastaria os temores de anistia, porque os ilegais não estariam recebendo vantagens em relação aos legais”, disse Specter em uma entrevista. Segundo ele, seu temor, desde o princípio, está relacionado àqueles que estão aguardando na fila e que são respeitadores da lei.
Os defensores da imigração descrevem os entendimentos da semana passada como um avanço importante que leva nova energia às discussões no comitê do Senado, depois de vários falsos começos e interrupções. Sete dos oito democratas do comitê e pelo menos três dos 10 republicanos deram sinais de apoiar a medida McCain Kennedy. “Estamos bastante adiantados”, disse McCain, que não pertence ao comitê. “Creio que houve uma mudança de atitude que agora parece reconhecer que é necessário adotar-se um enfoque amplo nestas discussões”, disse McCain.