Separando o Joio do Trigo

Por Gazeta Admininstrator

Certamente que o escândalo envolvendo os líderes da Igreja Renascer não ajuda em nada a imagem controversa de algumas instituições evangélicas brasileiras. Não é de hoje que, verdadeiras ou não, provadas ou não, se amontoam acusações de todo o tipo direcionadas a um segmento que se tornou um dos mais significativos e polêmicos da chamada área religiosa em nosso país.

O recrudescimento dessa polêmica em nada ajuda a imagem dos evangélicos.
Embora tenhamos que ser lógicos e racionais e admitamos que o lado positivo e sério do evangelismo brasileiro supera amplamente o lado negativo.
Durante a realização do I Congresso Internacional de Comunicação Brasileira, em maio de 2006, convidado justamente a falar sobre a “mídia evangélica” o notável Pastor Silair de Almeida nos ofecereu uma das raras oportunidades em que um legítimo líder congregacional brasileiro expôs, com raro senso de sinceridade e abertura, essa ainda profunda visão obscura da religião que mais cresceu e cresce no Brasil das últimas décadas, com poderosos reflexos na comunidade brasileira nos Estados Unidos.

Naquela oportunidade o Pastor Silair apontava para a existência de picaretas e oportunistas no seio do movimento evangélico, admitindo que como em qualquer setor das atividades humanas, a existência e até progresso de oportunistas e mal-intencionados, seria inevitável.
Certamente que é. Não se pode de nenhuma maneira confundir ou maldosamente “colocar num mesmo saco” as estrepolias bandidas de falsos pastores e líderes comprometidos apenas com o próprio bolso, com quem, de fato, se coloca a serviço de uma causa religiosa séria e legítima.

Não é fácil acreditar em ninguém nos tempos em que vivemos.
A manipulação da boa fé das pessoas atingiu um nível tão intenso e grotesco, que se vende a salvação do inferno comos e vende uma marca nova de desodorante.
Evidentemente que a qualidade mental e sofisticação intelectual do receptor dessa mensagens é quem acaba sendo o “juiz” da seriedade ou não de cada pregação, de cada pregador.

Qual seria o papel que a sociedade civil e a imprensa secular esperariam das comunidades evangélicas que se prezam e se respeitam? A imediata rejeição de todo e qualquer elemento ou agrupamento que esteja claramente identificado com a mentira, a enganação, lesando a boa fé dos “fiéis” e acumulando fortunas em cima dos ombros cansados e “culpados” de trabalhadores honestos e simplórios.
A manipulação do mêdo da morte e do inferno é um pecado gravíssimo. Contra cada indivíduo, isoladamente, e contra a humanidade como um todo.

Essa nunca foi e nem nunca será o cerne da pregação iluminada de Jesus Cristo e nem de nenhuma religião que preze a vida e a humanidade.
E é exatamente por não haver uma pronta rejeição desses “picaretas da fé”, por parte das lideranças sérias e respeitadas do evangelismo brasileiro, que cresce de forma assustadora uma falsa percepção de que o evangelismo como um todo seria uma farsa.

É lamentável que uma instituição que tantos benefícios tem trazido ao povo brasileiro, tanto no Brasil quanto no exterior, seja enxovalhada em função de pessoas e segmentos criminosos. Para se afastar dessa perigosa e injusta generalização, é preciso que as próprias lideranças evangélicas se posicionem, assumam seu papel de defensor do verdadeiro e sério evangelismo. Comprometido não só com Cristo, mas acima de tudo com a Verdade.
Na outra ponta desse teorema está o fato de que, mais uma vez, Miami se vê como “cidade dos fugitivos” do Brasil.

Essa antiga “tradição” tinha sido quase que esquecida nos últimos anos, depois que uma enorme leva de “fugitivos da Lei” em nosso país, percebeu que as autoridades americanas e brasileiras trabalham agora em grande sintonia, no sentido de não permitir a impunidade.
O episódio da “Renascer” trouxe esse lado caricato e igualmente injusto com a comunidade brasileira de Miami, de volta à tona.
Que os crimes sejam apurados e os responsáveis, se considerados culpados, exemplarmente punidos.

O movimento evangélico no Brasil é importante demais e expressivo o suficiente para não mais se dar ao luxo de não dar explicações à sociedade civil. Afinal, é atuando ativamente na sociedade civil e na estrutura política e de comunicação do país, que o evangelismo tem avançado de forma avassaladora, se tornando uma força inegável na nossa sociedade. Isso tanto no Brasil quando nas comunidades brasileiras no exterior.