Ser pais pode ser mais simples do que parece

Por Adriana Tanese Nogueira

family-1784371_1280

Criar filhos não é mais uma coisa “óbvia” e “natural”; ao contrário, um dos maiores desafios atuais é a educação dos filhos. Vemos, por todo lado, inúmeras dificuldades com as crianças e das crianças. Vivemos num mundo que exige demais delas e de seus pais, um mundo em constante e rápida mudança, que concede pouco tempo para as relações ou mesmo para si mesmos. Na roda-vida diária as crianças hão de crescer e de “se comportar”. Queremos crianças comportadas que não incomodem ou felizes e criativas? Haverá uma “fórmula” para termos ambas?

Podemos começar com refletir um momento sobre um autor interessante que trabalha com crianças e adolescentes há décadas e que tem uma visão mais sutil e profunda das correntes tradicionais comportamentais e regulatórias que encontramos tão facilmente em escolas e consultórios psicológicos da main stream.

Kim John Payne, consultor para escolas, educador de adultos e pesquisador, dá voz ao sentimento coletivo de que há algo errado com esse excesso de estímulos e “coisas” e “compromissos” que temos e damos às crianças. Será por um acaso que ele mora com sua esposa e dois filhos numa fazenda no Hampshire? Como educador, ele tem dois objetivos: por um lado ajudar os pais a implementar valores e princípios tidos como referência; por outro, fortalecer e aprofundar os vínculos. O resultado é: famílias resilientes e alegria genuína correndo pelas veias de todos. Payne é o autor do best seller Simplicity Parenting. Using the Extraordinary Power of Less to Raise Calmer, Happier and More Secure Kid, publicado pela Random House Penguin, em 2009. Nesse livro, ele oferece um caminho praticável e efetivo para simplificar quatro áreas da vida familiar com o objetivo de reduzir o estresse nas crianças e nos pais, dando espaço para mais relação, criatividade e relaxamento.

As quatro áreas a serem simplificadas são:

1. O ambiente físico: esvaziar as casas. Casas lotadas de objetos, móveis e coisas estressam. Casas não são depósitos, precisam conter o essencial para a vida de seus habitantes. Nada demais;

2. Ritmo: aumentar a previsibilidade, introduzindo momentos rítmicos para conexão e calma. São os famosos rituais: passar de uma atividade para a outra via transições repetidas e suaves (nada de mecânico e artificial) que marquem a passagem e literalmente introduzam o momento seguinte com seu novo estado de espírito e perspectiva;

3. Programação: aliviar as programações que ele chama de “violentas”, termo forte que aponta para o efeito violento na alma das crianças, seres em desenvolvimento que acabam vezes demais por não terem tempo por respirar e se localizar entre uma atividade e outra. Colocar o Ser acima do Fazer;

4. Desligar: reduzir a influência das preocupações dos adultos, da mídia e do consumismo sobre crianças e famílias para aumentar sua resiliência e inteligência social e emocional. Payne garante que dando passos nessa direção, que é a de literalmente simplificar o espaço físico, emocional e mental de casas e famílias, as crianças serão mais calmas e felizes, terão mais capacidade de se inserir de forma positiva no social, terão mais concentração na escola, serão mais obedientes em casa e terão menos problemas com alimentação.

Obviamente, isso exercitará uma reação boomerang positiva sobre seus pais, que terão mais claro o que querem como pais, estarão mais unidos entre si e disporão de mais energia para a construção do vínculo, de momentos de relaxamento e diversão.

Para os interessados, John Payne estará em Delray Beach dando a palestra “Exclusion: So Hurtful, So Subtle”, no dia 20 de janeiro, no Duncan Center – Chapel, na 15820 Military Trail. Interessandos contatem: Paula Betancur no 561.654.4037. Nos vemos lá!