Será que a mensagem do papa irá ressoar entre os políticos? - Opinião

Por Gazeta News

Não há dúvidas de que a visita do papa Francisco aos Estados Unidos deixou uma impressão mais que positiva entre o povo americano, evidenciada pela presença de multidões que esperaram horas para vê-lo e ouvir suas mensagens.

Agora, se os efeitos da visita do papa terão efeitos em longo prazo, é outra história. A mensagem humilde do papa Francisco para encontrar o bem comum não era apenas espiritual. Foi encorajador ouvi-lo falar sobre os valores que devem ser importantes para uma sociedade de um país que é líder mundial.

Especificamente, Francis falou sobre a imigração, as mudanças climáticas, o comércio de armas, a pena de morte, a tolerância e a necessidade de os funcionários eleitos fazerem o seu melhor para melhorar a vida do povo que representam. Quando ele falou em uma sessão conjunta do Congresso em Washington, os membros escutaram com muita atenção. Muitos ficaram tão comovidos com suas palavras que nem conseguiram esconder as lágrimas. O porta-voz da Câmara, John Boehner contou que, durante sua audiência com Francis, o papa pediu-lhe para orar por ele, em mais uma prova de sua humildade.

No entanto, depois que o papa foi embora, o Congresso voltou a ser o Congresso. No dia seguinte, Boehner anunciou que não só estava deixando o cargo de porta-voz, como também estava saindo do Congresso completamente. As batalhas constantes dentro da ala conservadora republicana, sem falar da batalha com os democratas, ajudaram Boehner a tomar a decisão.

Muitos republicanos na ala conservadora, em particular o senador do Texas e candidato à presidência, Ted Cruz, não se preocuparam em esconder a alegria em ver Boehner renunciar.

Quase imediatamente, esse bando empolgado conversa sobre paralisar o governo federal ainda esta semana por não pretenderem aprovar um orçamento federal que inclui o financiamento para a Planned Parenthood, que realiza abortos - embora nenhum com o dinheiro do contribuinte - e fornece serviços de saúde vitais para milhões de mulheres que não poderiam ter acesso aos cuidados. Ou seja, ideias essas que vão bem longe do bem comum pregado pelo papa. Em relação à mudança climática, o papa Francis implorou que líderes mundiais tomem medidas para combater o aquecimento global. O senador da Flórida, Marco Rubio, e o ex-governador da Flórida, Jeb Bush, ambos aspirantes à presidência, estão entre os que não acreditam na mudança.

Em relação à imigração, o papa exortou a aceitação de imigrantes que fogem desesperadamente da opressão, num mesmo momento em que o homem que lidera a corrida para a nomeação republicana, Donald Trump, incessantemente fala sobre a construção de muros e deportação de milhões de imigrantes.

O papa também pediu a abolição da pena de morte. Há ainda 31 estados que têm a pena de morte, incluindo a Flórida.

Francisco sabe que ele não pode - e não deve - ter um efeito direto sobre as políticas do governo. Na melhor das hipóteses, ele pode encorajar os líderes a pensar sobre seus papéis, por que estão ali e o que poderiam fazer para melhor servir o bem comum. Ao ver os rostos de milhões de pessoas em Washington, New York, Filadélfia e em todo o país na semana passada, parece óbvio que a pessoa comum entendeu a mensagem. No entanto, ainda duvidamos se alguns dos oficiais eleitos sequer ouviram a mensagem do Papa.

Com informações do “Sun Sentinel”.