Será que a novela chega ao fim?

Por Gazeta Admininstrator

Os jornais e agências de notícias alardeiam. A fé de mais de 12 milhões de imigrantes indocumentados nos Estados Unidos, renasce. O coração de milhões de famílias brasileiras bate mais forte. A chama da esperança está de novo acesa.

A data marcada é 27 de março, quando o Senador republicano Bill First lerá no plenário do Congresso em Washington, o projeto de lei que é defendido por um grande número de parlamentares, de ambos os partidos e que promete resolver uma das maiores e graves questões sociais e de segurança do país.

Mas é essa a real solução desejada e esperada ansiosamente pelos imigrantes indocumentados. Se por um lado a turma mais “flexível” informa que é “melhor um pássaro na mão do que dois voando”, no outro canto do ringue a turma mais “durona” insiste em que a proposta de George W. Bush, longe de pacificar o quadro imigratório, vai apenas “empurrar com a barriga” a questão e criar mais confusão do que já existe.

Na prática, a proposta de Bush é um avanço em relação ao “limbo” atual em que vivem milhões de imigrantes, dos quais centenas de milhares de brasileiros.

Daria um status temporário de 3 anos, com direitos – quase – plenos, tais como o ir e vir livremente para fora do país, na medida em que cada um desses imigrantes tenha uma oferta de trabalho legítima nos Estados Unidos. Mas não garante nada após isso. Nem estabelece um roteiro lógico e natural para conceder a residência permanente, após esses três anos.
A proposta dos republicanos que é uma quase-xerox daquela proposta que Bush fez em janeiro de 2005, deixa algumas “cartas na manga”, ainda assim, não conclusivas.

Bush queria desde o começo, que a proposta apresentada já previsse duas renovações desse prazo inicial de 3 anos, perfazendo um total de 9 anos desses “vistos temporários de trabalho”.
Entretanto a proposta irá a debate com apenas os 3 anos iniciais, ficando os 3 + 3 como argumentos de flexibilidade diante da inevitável contra-proposta democrata - patrocinada pelos senadores Kenndy e McCain - e que legaliza de forma definitiva e imediata, cerca de 8 dos 12 milhões de imigrantes indocumentados que o próprio Departamento de Estado, em Washington, estima que vivam atualmente em território norte-americano.

Se por um lado a proposta de Bush (rejeitada por 60% de seu partido), revisada pelos republicanos (hoje conta com 70% de tendência a ser aprovada pelo mesmo partido que vetou algumas idéias do presidente) tem boas chances de passar e virar lei, a dos democratas, para ganhar terreno, vai depender de muita articulação e pressões.

Sugerem os analistas que a atual proposta terá que ser flexível para incorporar alguns pré-requisitos básicos dos democratas. Por exemplo, seriam aceitas as condições dos republicanos na medida que os 9 anos fossem, desde o início, aprovados.

Mas as disputas não param por aí. A questão mais polêmica e que tem motivado apaixonados debates entre direita e esquerda, é que a proposta atual “patrocinada” pelos republicanos conservadores, não encara o problema de frente e articula opções temporárias e irracionais, tais como sugerir que os imigrantes indocumentados que aqui estão, se “auto-denunciem” aceitem a deportação e venham a solicitar em seus países de origem a concessão de um visto.

O Senado está muito dividido. Há posições radicalmente opostas. Há quem defenda o que seria impossível: deportação em massa de todos os indocumentados, algo que certamente viria a ser comparado com o Holocausto (um exagero, é claro, mas a mídia iria adorar a imagem e a própria opinião pública emotiva da América iria acabar simpatizando com os imigrantes).
Há quem deseje uma legalização absoluta, irrestrita e irreversível, incorporando esses 12 milhões de imigrantes ao tecido social legalizado do país, coletando impostos e fazendo dessa coleta uma base para sanear o pavoroso déficit do Social Security.

São propostas que não têm nenhuma chance de serem aprovadas. O que nos faz imaginar que os “flexíveis” estão muito mais próximos da verdade do que viria a acontecer. Nós também achamos que, como diz a bela canção de Lulu Santos, “assim caminha a humanidade, a passos de formiga e sem vontade”, será por aí o caminho da evolução desse longo e sofrido processo em que os imigrantes, que para cá vieram inspirados pelo legítimo sonho de uma vida melhor.