Durante meses, os economistas acreditaram que, nem o Sul da Flórida, nem o País estava em uma recessão, ou tinha probabilidades de entrar em uma. Mas nas últimas semanas, tais declarações otimistas começaram a colidir com novas estatísticas que mostraM os elevadores preços dos combustíveis, o desaparecimento dos postos de trabalho e a crescente retração do mercado imobilário. Os especialistas, agora, começam a aceitar o que você, provavelmente, percebeu há algum tempo: os tempos andam difíceis.
- A resposta correta é, sim , nós estamos em uma recessão – disse Mark Vitner, economista do Wachovia Bank, que há um mês afirmava em declarações para a imprensa que o País “daria a volta por cima”. Agora, no entanto, ele afirma: “Para o cidadão comum, a desaceleração é muito maior do que os números do PIB (Produto Interno Bruto) possam mostrar”, analisou.
A explicação é a seguinte: o crescimento da renda é lento, o aumento do preço da energia tem pego carona não apenas nos preços do combustível como também de tudo o que é transportado por caminhões. Como resultado, explica Vitner, os consumidores estão gastando uma parcela record de sua renda com produtos de primeira necessidade. De acordo com cálculos feitos pelo Wachovia Bank, os consumidores estão gastando o percentual record de 57% de seus salários com o atendimento de necessidades básicas.
Mas essa é apenas a média. Aqueles que recebem salários abaixo da média têm, particularmente, sentido o cinto ainda mais apertado, uma vez que já gastam todo o salário com o básico. Um episódio de doença, por exemplo, para essa parcela da população, pode levar a uma escolha ingrata: comer, ou comprar remédios.
Cloreta Morgan, enfermeiRa licenciada, já percebeu a presença de uma recessão no preço dos ovos, que subiu de $0,69 para $2 a dúzia, nos últimos meses. Por causa do preço da gasolina, diz ela, as pessoas estão restringindo o uso do carro apenas para o trajeto casa-trabalho-casa. “As pessoas não estão nem saindo para passear por causa do preço da gasolina”, disse Morgan, que vive em West Park e trabalha em Miami.
A inflação sobre os bens de consumo no Sul da Flórida atingiu 5,3% em fevereiro, uma elevação significativa em comparação aos 4% ao ano verificados anteriormente.
Então, se o consumidor comum pode detectar uma situação de recessão no preço dos ovos, por que os economistas levaram tanto tempo para reconhecê-la?
Sean Snaith, economista da University of Central Flórida, disse ainda não estar certo se estamos, ou não em uma recessão, e acreditA que isso não vá fazer muita diferença para o consumidor médio. “Para o consumidor comum, essa é a atmosfera, tudo está estagnado. A pessoa pode estar em coma, ou inconsciente, seja o que for, está em má situação”, disse.
Tecnicamente falando, uma recessão, geralmente, caracteriza-se por dois trimestres consecutivos de “enco-lhimento” econômico. Por tradição, os economistas nunca podem declarar que há uma recessão, sem que isso ocorra.
Para FMI recessão está perto.
Depois da análise sobre a economia dos Estados Unidos divulgada, na quinta-feira(20), pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), foi a vez de o Fundo Monetário Internacional reforçar a idéia de que os EUA caminham rumo à recessão. De acordo com relatório obtido com antecedência pela agência de notícias italiana Ansa, o FMI considera que a economia americana “continua muito fraca, certamente perto de uma possível recessão”.
Citando um esboço do documento ‘’Perspectivas Econômicas Mundiais’’, que deve ser publicado em encontro em 12 e 13 de abril, a Ansa afirmou que o FMI considera o dólar “um tanto forte” apesar da recente desvalorização, e que os preços do petróleo devem ficar em torno de US$ 95, em 2008 e 2009.
O documento assinala que, desde o começo de 2002, o dólar desvalorizou cerca de 25% em termos reais, numa das instâncias mais consistentes de desvalorização desde Bretton Woods e que havia se aproximado de um equilíbrio a médio prazo, mas que se mantinha “um tanto forte’’, diz a Ansa.
Na quinta-feira(20), a Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) reduziu acentuadamente sua previsão de crescimento para os Estados Unidos, reforçando os temores de que a maior economia do mundo está caminhando para uma recessão. Em seu relatório, a OCDE estima que o PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos crescerá apenas 0,1% no primeiro trimestre deste ano e que haverá um período de estagnação nos três meses seguintes.
- Talvez seja prematuro declarar uma recessão, mas o ritmo de atividade está abaixo do potencial. A desaceleração econômica está aumentando rapida-mente - destacou a OCDE.
E a forte desaceleração da economia americana vem se confirmando a cada divulgação de dados econômicos do país . Na quinta-feira(20), o Conference Board informou que o Índice de Indicadores Líderes dos EUA - que sugere a direção da atividade para os próximos seis meses - caiu 0,3% em fevereiro, a quinta queda consecutiva do indicador.
A última vez em que o índice caiu por cinco meses seguidos foi em 2001, justamente durante a última recessão dos Estados Unidos, acrescentou o próprio Conference Board. O Banco Central Europeu e o FMI expressaram seu apoio à postura do Banco Central Europeu fren-te às taxas de juros.
- O BCE está mantendo as taxas estáveis por hora de forma correta - disse, acrescentando que “deveria estar pronto para responder de uma maneira flexível caso se intensifiquem os riscos de um crescimento menor e de uma inflação alta’’.
A agência Ansa disse ainda que o esboço do documento prevê um crescimento econômico global de 4,2% em 2008, levemente acima dos 4,1% previsto em janeiro, mas ainda abaixo dos 4,9% regisstrado no ano passado. Para os Estados Unidos, a previsão de crescimento para este ano ficaria estável em 1,5%, diz a agência de notícias italiana.

