Sistemas hospitalares da Flórida lutam para evitar colapso com aumento da Covid-19

Por Arlaine Castro

Rosane OHourke
saúde. Os sistemas hospitalares sem fins lucrativos da região sul do estado viram o início de um surto, com a Baptist Health tratando 831 pacientes com COVID na terça-feira, 21. O número representa mais de um terço dos cerca de 2.300 hospitalizados com a doença em Miami-Dade e quase o dobro do número de pacientes com COVID sendo tratados no hospital público do condado, o Jackson Health System, que tinha 453 pacientes até a manhã de terça-feira. Bo Boulenger, diretor de operações da Baptist Health, disse ao Miami Herald que seus hospitais receberam novos envios no início da semana e que o medicamento pode reduzir a permanência dos pacientes em cerca de quatro dias. Ainda assim, o volume de pacientes nos hospitais da rede vem aumentando desde meados de junho e continua aumentando nas últimas duas semanas, disse Boulenger. Na região central do estado, a HCA Healthcare passou a adiar os procedimentos eletivos em seus hospitais para garantir que a capacidade permaneça em um nível saudável. Localmente, a mudança afeta o Hospital Regional da Flórida Central, o Centro Médico Regional de Osceola, o Centro Médico Oviedo e o Centro Médico Poinciana. Para evitar um colapso, o Centro de Convenções de Orange County pode ser transformado em local de um possível centro de atendimento a coronavírus, caso seja necessário. "A capacidade do sistema de saúde é forte", disse Mary Mayhew, secretária da Agência de Administração de Serviços de Saúde da Flórida. "Eu sei que as pessoas estão assustadas em todo o estado, mas devem ter confiança nos cuidados de saúde". Pensando o contrário está Chris Plance, funcionária da PA Consulting, que disse que os hospitais da Flórida terão alta demanda de pacientes num futuro próximo, o que ele acredita que pode resultar em esgotamento entre médicos, enfermeiros e outros funcionários. "Os funcionários ficarão doentes e terão problemas no nível em que estão. Isso vai se tornar cada vez mais um problema", ressaltou. [caption id="attachment_202712" align="alignleft" width="254"] Rosane O'Rourke é instrumentadora cirúrgica no Winnie Palmer, Orlando. Foto: arquivo pessoal.[/caption] Contratação de pessoal Os hospitais estão se esforçando para aumentar o quadro de funcionários, principalmente enfermeiros. O Baptist Health contratou mais de 500 enfermeiros desde o início do surto, segundo Boulenger. Atualmente, cerca de 140 funcionários do sistema estão afastados do trabalho porque contraíram a COVID. Apenas metade desses funcionários são clínicos, o que, segundo o diretor, indica que suas infecções são principalmente o resultado da transmissão na comunidade e não do contato com pacientes. O Jackson Health também tem aumentado seu corpo de funcionários. 125 enfermeiros, além de terapeutas respiratórios e técnicos de atendimento ao paciente foram enviados pelo estado, segundo o Jackson Health. Entre os quase 12.500 funcionários da Jackson Health, cerca de 4.100 trabalhadores com sintomas ou exposição à COVID foram testados para a doença desde março. Com o aumento de internados, hospitais Baptist Health nas áreas mais afetadas de Homestead e West Kendall têm direcionado um excesso de pacientes para outras instalações do sistema de tratamento, algumas das quais converteram novas áreas em unidades COVID. O que ajuda a desafogar os hospitais Além do redemsivir, o que ajuda a diminuir os dias de internação dos pacientes são o tratamento com plasma convalescente, ou soro sanguíneo rico em anticorpos, doado por pessoas que se recuperaram da doença, além de ventiladores. No Memorial Healthcare System, distrito hospitalar do sul de Broward, o chefe médico Stanley Marks disse que os hospitais Memorial agora estão vendo uma "necessidade significativa" de ventiladores e pediram assistência ao estado para garantir mais equipamentos de oxigênio de alto fluxo e máquinas de bipap, que são medidas menos intensivas para fornecer suporte adicional de oxigênio. O governador Ron DeSantis disse que está confiante de que a Flórida conterá em breve seu surto de coronavírus e que os hospitais poderão lidar com o fluxo de pacientes, mesmo que o número médio diário de mortes no estado seja atualmente o pior do país. "A tendência está muito melhor hoje do que há duas semanas", disse DeSantis. “Estou confiante de que conseguiremos superar isso. Estou confiante de que as pessoas ... em nossos sistemas hospitalares continuarão fazendo um ótimo trabalho e atendendo à demanda. Há muita ansiedade e medo por aí e acho que conseguiremos superar isso." Fluxo maior mesmo sem atender Covid-19 Também atuando na área hospitalar em Orlando, a instrumentadora cirúrgica Rosane O'Rourke diz que a situação no Winnie Palmer só não é tão ruim porque o hospital não é direcionado a pacientes com Covid-19, mas percebeu um aumento no atendimento nos últimos dias - reflexo das lotações dos outros hospitais.  "Onde sou instrumentadora cirúrgica não tem UTI, mas te digo que antes, no mês passado, atendíamos cerca de cinco pacientes por semana e só entre ontem e hoje já fizemos parto de seis. Isso só contando as cesarianas, não tenho os dados de partos normais", conta. A brasileira salienta que as cirurgias eletivas chegaram a ser suspensas no início da pandemia, em março, mas já foram retomadas e o fato de outros hospitais estarem mais cheios pelas internações, têm percebido aumento da procura.