Depois de uma longa batalha judicial, a menina Sofia Gonçalves de Lacerda, que tem apenas 6 meses de vida e sofre de uma doença rara, deixou o Hospital Samaritano de Sorocaba (SP), onde estava internada, para embarcar para Miami, na madrugada do dia 2, onde fará o transplante multivisceral de que necessita.
Sofia saiu do hospital e foi levada de ambulância com a mãe, Patrícia Lacerda, ao Aeroporto Bertram Luiz Leupolz, em Sorocaba, onde o avião aguardava as duas, equipado com uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), médicos, enfermeiros e todos os equipamentos médicos necessários, custeados pelo governo federal, após uam luta judicial.
Por volta das 2:30pm do dia 2, uma mensagem na página da campanha no “Facebook”, “Ajude a Sofia”, informava que a menina e sua mãe já haviam chegado a Miami e seguiam em direção ao hospital. “Ambas estão bem e fizeram ótima viagem”, dizia a mensagem.
O pai de Sofia, Gilson Gonçalves da Silva, também viajou à Flórida na manhã do dia 2, em um voo comercial.
Sofia e a família ficarão no Hospital Memorial Jackson, em Miami, onde a menina deve ser operada pelo médico brasileiro Rodrigo Viana. A criança deve passar primeiro por vários exames médicos e terá que esperar por um doador de órgãos compatível.
A luta de Sofia
O drama de Sofia começou assim que a família descobriu a doença. O bebê nasceu com síndrome de Berdon, uma enfermidade rara que provoca problemas no intestino, na bexiga e no estômago. A situação dela causou comoção e mobilização em todo o país após uma campanha na internet.Para sobreviver, a menina precisa de um transplante de três órgãos, avaliada em mais de $1 milhão de dólares. Desde que nasceu, ela já passou por três cirurgias, mas ainda necessita de atendimento especializado, que só pode ser feito nos Estados Unidos.
Ao descobrir a doença, a família pediu ajuda financeira de todas as formas para conseguir uma viagem até os EUA. A campanha “Ajude a Sofia” ganhou força nas redes sociais e atraiu “curtidas” e compartilhamentos de quase 580 mil pessoas.
Desde que nasceu, no hospital da Universidade de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, Sofia só saiu de lá para ser transferida para o Hospital Samaritano, em Sorocaba. A bebê nunca urinou ou defecou e só se alimenta por nutrição parenteral – quando uma solução manipulada pelo médico é aplicada diretamente na corrente sanguínea.
Após diversas questões judiciais, o desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF) determinou a transferência da menina para o Hospital das Clínicas, em São Paulo, onde ela passaria por novos exames que confirmassem a síndrome de Berdon e a possibilidade de realizar o transplante no Brasil.
No entanto, a família recusou um novo procedimento cirúrgico, e médicos especialistas também atestaram que a tecnologia nacional não era avançada o suficiente para realizar o transplante com sucesso. Dessa forma, a menina foi novamente encaminhada para o Hospital Samaritano, de onde saiu para ser levada aos Estados Unidos.
O nome de registro de nascimento da criança é com “ph” (Sophia), mas, em virtude de a campanha de ajuda ter sido iniciada com “Sofia”, a própria família adotou essa grafia para evitar problemas com as doações.