A solidariedade aos imigrantes incentivada pelas decisões de Donald Trump

Por Arlaine Castro

As últimas decisões do presidente Donald Trump sobre os imigrantes e refugiados têm rompido normas e paradigmas próprios da maioria das democracias modernas, mas gerado também uma onda inversa ao que ele espera – a união e solidariedade de americanos e povos do mundo inteiro aos imigrantes nos Estados Unidos.

Em uma de suas ordens executivas, Trump assinou, no último dia 29, a suspensão por prazo indefinido da entrada de imigrantes de sete países com maioria muçulmana (Iraque, Iêmen, Síria, Irã, Sudão, Líbia e Somália) nos Estados Unidos. Além disso, impôs uma moratória de quatro meses à chegada de refugiados e viajantes, com a justificativa de proteger a nação de ataques terroristas.

Porém, nem todos os americanos concordam que o melhor seja proibir a entrada de imigrantes no país ou expulsar todos que aqui já estão e, por enquanto, uma ordem da juíza federal Ann Donnelly suspendeu o decreto até 21 de fevereiro em todo o território nacional.

Formulário I-407 – um alerta para os portadores de green card Após a assinatura do decreto por Trump, dois cidadãos do Iêmen, portadores de green card, não só tiveram a entrada negada nos EUA como foram obrigados a assinar o formulário I-407 (o residente abre mão do green card e da condição de residente permanente dos Estados Unidos), conforme divulgado em diversos jornais no mundo inteiro no último final de semana.

Para acalmar os imigrantes, inclusive os brasileiros portadores de green card, a American Immigration Lawyers Association emitiu um texto explicando que, “ficar um tempo fora dos Estados Unidos não acarreta na perda da condição de residente, mesmo que o residente fique mais tempo que o permitido fora dos Estados Unidos. Tal decisão não é automática e não há nenhum dano caso o residente se recuse a assinar o formulário em frente aos agentes de fronteira”.

Grandes corporações e autoridades mundiais a favor dos imigrantes Executivos e diretores de empresas de tecnologia do Vale do Silício, como a Apple, Microsoft, Facebook e Amazon enviaram, durante os últimos dias, mensagens similares a seus funcionários salientando o poder da diversidade para o sucesso de suas empresas e o conjunto do setor tecnológico, bem como para a economia. Lloyd Blankfein, CEO da multinacional Goldman Sachs, disse que irá mobilizar os recursos internos necessários para prestar assistência aos empregados que enfrentarem algum problema legal por causa de sua nacionalidade.

As diretorias da Ford Motor e da Boeing manifestaram-se em termos semelhantes, opondo-se frontalmente a qualquer política que vá contra os valores de suas empresas. Mark Parker, CEO da Nike, qualificou o decreto de Trump como intolerante, que ameaça valores como o respeito mútuo fomentado pelo esporte. Autoridades de Roma, Berlim e da Grã Bretanha criticaram a decisão do presidente dos EUA. A chanceler alemã, Angela Merkel, condenou a ordem executiva de Trump contra os imigrantes. Segundo seu porta-voz, Steffen Seibert, a medida “não é justificada” e a chanceler afirmou que “está convicta que a tão necessária luta contra o terrorismo não justifica” uma lei do tipo “com base apenas na origem ou na crença”.

A favor dos imigrantes estão também advogados que estão se mobilizando em vigília nos aeroportos, grandes empresas de tecnologia oferecendo empregos e abrigos. Com isso, percebe-se uma união dos que são contrários à política de imigração do atual presidente.