Sons do X: lixo, táxi, exemplo e próximo

Por Rodrigo Maia

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Qual o som da letra “X”, em Língua Portuguesa?

Quando estamos ensinando um nativo ou um estrangeiro, essa dúvida sempre surge. E, como já disse em outras oportunidades, a melhor forma para entender a relação entre o som e a grafia de uma palavra é estudar a etimologia, ou seja, a origem daquele idioma.

As palavras escritas com a letra “X” geram muita confusão, principalmente porque o “X” pode ter diversos sons. Não podemos esquecer que “xis” é apenas o nome da letra. Se falarmos dos sons, a história é outra.

O encontro “ch”, por exemplo, tem som de “xis” em “chama”, “chafariz”, “chá” e “chato”. E se a gente pensar pela perspectiva do som, as palavras “lixa”, “lixo”, “luxo” e “xícara” possuem o mesmo som. Não há diferenças.

Mas e nas palavras: próximo, táxi, exemplo e exceção? Qual é o som da letra “x”?

Em próximo, o “X” tem som de “ss”, como se tivesse escrito: “próssimo”.

Já o “x” de táxi é pronunciado como se fosse um “c” e um “s” juntos. No alfabeto fonético, dizemos que há um /k/ e um /s/. Eles formam, foneticamente, o encontro consonantal /ks/. Assim, a palavra táxi deve ser pronunciada “táksi”.

No caso da palavra exemplo, o “X” tem o mesmo som de exame, ou seja, som de “z”.

Ainda tem a palavra exceção, em que a letra “x”, ao lado do “c”, indica um “ss”, ou seja, foneticamente, “x” e “c” juntos produzem um som só.

Quando limitamos a letra “x” para o único som de “xis”, cometemos um grande equívoco. Devemos ensinar, desde cedo para uma criança nativa ou desde as primeiras aulas para um estrangeiro, que a letra “x” pode representar diversos sons. Veja mais exemplos:

Lixa, luxo e lixo - “x” tem som de “xis”.

Próximo e máximo - “x” tem som de “ss”.

Táxi, tórax e tóxico - “x” tem som de “ks”.

Exemplo, exonerar e exorcismo - “x” tem som de “z”.

Exceção e excesso - “xc” tem som de “ss”.

Um erro que cometemos ao ensinar Português é achar que a escrita é uma representação fiel da fala, isto é, que determinada letra produz apenas um único som. Além da letra “X”, sabemos que as letras “C” e “G”, por exemplo, também geram sons distintos: (C) carro e cebola; (G) gato e gelo.

Devemos estudar a grafia e o som por meio de uma diversidade de valores e casos. Em praticamente todos os idiomas do mundo, diferentes encontros entre vogais e consoantes acabam gerando uma série de pronúncias distintas. Para você, brasileiro que fala inglês em solo americano, essa questão deve ser um grande desafio. O encontro “th” pode ter sons completamente distintos em “mother” e em “month”.

Então, vamos acabar com os mitos e começar a estudar as inúmeras possibilidades das línguas. Quanto mais a gente entende, menos decora e mais aprende de verdade. Decorar pode ser uma alternativa para casos pontuais. Porém, para o amplo conhecimento de uma língua, com certeza, entender faz toda a diferença.