Stress Em Tempo de Férias Escolares

Por Gazeta Admininstrator

Mais um ano letivo chegando ao final, e a velha questão – O que fazer nas férias de verão?

Quem tem filhos entende esse velho dilema. E pior: como gerenciar os filhos dos pais brasileiros, que nasceram e foram criados neste país? Quando ainda pequenos, é com certeza bem mais fácil planejar e executar as férias. Tanto por conta dos acampamentos de verão (os famosos “summer camps”), e dos vários outros programas que existem, como também uma viagem para o Brasil, ou para qualquer outro lugar deste planeta. A situação, no entanto, complica à medida que esses filhos começam a crescer, desenvolver um círculo de amizades e por consequência, criam vínculos com o que está mais próximo de si: a cultura americana.

Nada melhor do que a casa da vovó, da titia, ou do titio, do convívio com primos e primas, amigos dos pais, padrinhos e madrinhas.

O único problema é que esse vínculo, que é tão forte para o papai, ou para a mamãe, já nao é tão forte assim para o seu filho (a). Esses agora mais crescidos, possuem o seu círculo de amizades e de interesses, onde o Brasil vira cada vez mais um lugar distante.

E até para os filhos que não nasceram nos Estaos Unidos, e sim no Brasil, mas que vieram para cá quando ainda pequeninos, e cresceram, e foram educados neste país, passam a ter uma certa dificuldade em aceitar que as suas tão merecidas férias são passadas integralmente no Brasil ano após ano, e não curtindo o verão, a praia, o shopping, o cinema, as festinhas, e o vídeo game ao lado dos seus amigos.

Para que um vínculo se estabeleça, precisamos de 2 fatores: tempo e experiência. Essa referência de “Brasil como minha casa, minha pátria”; esse vínculo é nosso, e não dos nossos filhos. Queiramos ou não, nossos filhos estão sendo criados neste país, entendendo e assimilando a cultura local. É mais do que previsível que eles queiram vivenciar essa experiência de estar “na sua casa” no momento de descanso, o verão.

É claro que existem as crianças mais novas, que adoram estar no Brasil por uma série de razões: porque a familia (lá no Brasil) é super calorosa, acolhedora, funcional e proporciona à essa criança, ou adolescente, uma experiência maravilhosa.

Onde os níveis de exposição à violência são mínimos. Onde vão ter contato com coisas que elas não estão acostumadas aqui, como fazendas, chácaras, bichos, etc. Ou até mesmo porque os pais tem uma condição de vida que não só favorece a ida ao Brasil, mas que têm negocios por lá, ou deixaram uma casa ou apartamento a disposição para a hora do lazer. É onde as férias são curtidas no Brasil por um tempo curto, e predeterminado.

No entanto há aqueles que vão sofrer com a estada na casa da tia chata, ou da vovó briguenta, ou do primo encrenqueiro, onde vão passar as férias trancadas em um apartamento, olhando a chuva cair, ou até por conta da violência, como é o caso das grandes capitais, onde o maior programa é ir aos shopping centers aos sábados, ou assistir a um filme, que já até foi lançado nos EUA há um mês atrás. E o pior: aguentar tudo isso por quase 3 meses!

Fora a questão do idioma e da falta de malícia das crianças crescidas aqui, comparadas com as do Brasil. Há aquelas que falam português, mas há aquelas que têm dificuldade com a língua, ou que o português é tão pobre de sentir pena. E nesse caso, a fase inicial de adaptação é ainda mais difícil; sentem-se intimidadas por não conseguirem se comunicar, e acharem que estão sendo satirizadas, ou por não fazerem amigos , o que gera uma sensação de isolamento, e de se sentir como “um peixe fora d’água”. Além do fato de que muitas vezes a criança passa a ser a “atração” da festa, onde os adultos geralmente dizem: “Olha que lindinha, ela fala inglês. Fala alguma coisa pra titia”, ou enchem a paciência da criança tentando falar em inglês com ela o tempo todo.

Quanto a malícia, aí a coisa pega! Tanto para os pequenininhos, como para os adolescentes, essa diferença de vivência é clara. Malícia com o dia-a-dia, em como lidar com a violência, em como se defender, em como estar envolvido em conversas inapropriadas dos adultos, ou de participar de festas onde seriam o local menos indicado a uma criança.

E na medida que estão mais velhos, é o dirigir antes do tempo, beber com menos de 18 anos, os pagodes, as noitadas em barzinho e em “clubs”, a ida aos motéis, e o acesso cada vez maior e mais rápido ao mundo das drogas.

Também não sou eu a ingênua, a pensar que aqui não existem essas coisas, mas o controle e a pressão do sistema americano são mais ameçadores. Aqui há lei, e ela se cumpre. Mesmo que o adolescente não respeite as regras dos pais, há também as da escola e as da polícia. No Brasil, há o permitido, o aceitável, até mesmo o esperado do adolescente, onde existe muito pouco controle e supervisão, ou até mesmo o pulso forte de uma figura de autoridade.

A cultura brasileira é rica e maravilhosa, mas não devemos esquecer que nós somos os filhos do Brasil! Os nossos filhos, não. O Brasil que conhecemos nao é o mesmo que os nossos filhos vão conhecer. Muita coisa mudou. Acho também que os pais precisam ter sensibilidade e buscar entender tanto as suas necessidades, como a dos seus filhos.

O tempo passa, e precisamos acompanhálo. Os nossos filhos se beneficiam com essa convivência calorosa no Brasil, mas também  precisam explorar o país onde vivem- criar vínculos por aqui também. Eles, com toda a certeza, vão precisar deles no futuro.

Quem mora na Flórida não pode reclamar da falta de opção do que fazer nas férias com as crianças, pois temos a oportunidade de conhecer praias belíssimas, parques com infraestrutura para acolher toda a família, Orlando, com a tão famosa Disney World, o Miami Metro Zoo, o Miami Sea Aquarium, o planetário de Miami, fora o Museum of Discovery and Science, o museu Young at Art , em Key West, Miami Beach e Coral Gables, com o seu Fairchild Museum and Park, Jacksonville e Tallahassee, para os que quiserem conhecer a capital da Flórida, o Butterfly World e muitas outras opções de lazer. Além de programas de verão com direito a rancho e cavalos, passeios criados especificamente para crianças, com direito à aulas de canto, dança, instrumento musical, ou para aperfeiçoarem um talento acadêmico, com supervisão e preços acessíveis e variados. Portanto, é so se programar. Boas férias!

Karina Lapa é psicoterapeuta licensiada na Flórida. Atualmente atende na sua clínica, a South Florida Counseling Agency. Para maiores informações: (954)370-8081/ www.southfloridacounseling.net