por Ivan Postigo
É bom ter sucesso, o que você acha? Pergunta boba. Muito bom, não? Bom, mas mantê-lo é desesperador! As cobranças são intensas e incessantes. Quanto mais alto estamos, maior o destaque e maiores serão as exigências. Para o sucesso escapar de nossas mãos é muito fácil, e se cair no chão, plaft... parte-se! Já viu alguém dizer que o fracasso lhe escapou às mãos?
Este nós empurramos para longe e nos volta como que atraído ou “empurrado” pela gravidade. Quanto mais baixo estivermos, mais pesado nos parece! A estrutura da vida é feita pela armação de aço do fracasso e pela proteção de vidro do sucesso, que a envolve. Olhando através da transparência do sucesso, podemos ver as imagens do fracasso, indubitavelmente.
“A maioria das pessoas pensa no sucesso e no fracasso como opostos, mas eles são ambos produtos do mesmo processo”, diz com sabedoria Roger Von Oech. Difícil reconhecer e aceitar, mas é o fracasso que nos dá estrutura. E faz gênios... Ratifica Horacio: “O fracasso descobre o gênio. O sucesso esconde-o.” Ao errar e tentar, até acertar, aprendemos muito. Essa é a malha da experiência. Más decisões, amarradas pelos nós das boas decisões. Se acertarmos logo de cara, na primeira vez, aprendemos menos do que na longa jornada, não?E quem não gosta do sucesso imediato? Todos nós gostamos, claro, mas temos que reconhecer que o aprendizado é menor.
Dizem que os felinos obtêm um sucesso a cada dez tentativas. Experientes, agem quando as probabilidades se mostram favoráveis. E prestam uma atenção! O fracasso, registra a história, produz os gênios. Muitos, de tanto serem recusados, o que nos diria Einstein tentando uma vaga para lecionar, acabam tendo que encontrar saídas entre as duras e frias colunas de aço do fracasso. Não existe outra causa para o fracasso humano senão a falta de fé do homem em seu verdadeiro ser, nos lembra William James.
Elogios e críticas não o afetam o insucesso como fazem com o sucesso. Elogiado, o vaidoso homem fracassa. Criticado, o fragilizado homem se encolhe! E o fracasso? Sempre soberano... dê-lhe chance e toma conta. O fracassado lúcido sabe que este pode ser superado, a questão é trabalho e tempo. Trabalho em primeiro lugar. A palavra mágica é persistência, mas sempre buscando novas fontes de beber. Afinal, fazer a mesma coisa esperando resultados diferentes é um bom indicador de loucura. Uma hora o trabalho gerará frutos. Se não gerou, é porque chegou a hora. Ainda que frágil, gostamos mais do vidro do que do aço. Por que será?
*Ivan Postigo é diretor de Gestão Empresarial, articulista, escritor e palestrante.