“Supermães”: mantendo o equilíbrio diante dos desafios da maternidade

Por Marisa Arruda Barbosa

Mariane Tomita ao lado da filha Isadora, de 9 anos.

Toda mãe sabe o quanto gerar, criar e educar um filho é uma tarefa desafiadora, por isso o termo “supermãe” serve para todas. Mas há momentos e circunstâncias da vida em que é preciso fazer ainda mais malabarismos para manter o equilíbrio. Conheça a história de algumas “supermães” da comunidade brasileira que, mesmo diante das dificuldades, conseguem equilibrar a maternidade com a vida profissional, saúde e mesmo a mudança de país.

Recomeçando a vida do zero para o tratamento do filho

A fisiculturista Mariane Tomita, de 36 anos, que vive em Deerfield Beach, sempre foi o maior exemplo para sua filha, Isadora Novaes, de 9 anos. Desde que se separou do pai dela, quando ela tinha 3 anos e ele voltou para o Brasil, Mariane cria a filha sozinha, assumindo o papel de pai e mãe.

Isadora sempre acompanhou a mãe para as viagens de competição de fisiculturismo, ficava motivada com seus troféus e imitava as poses quando a mãe treinava para subir no palco. Quando, em julho de 2016, Mariane precisou parar tudo para o tratamento contra um câncer cervical, não foi diferente e Isadora ficou ao seu lado.

“Ela fazia meu café da manhã e sempre perguntava se eu estava me curando”, relata Mariane, que não tem nenhum familiar vivendo nos EUA.

Em seis anos dedicada ao fisiculturismo, a brasileira já ganhou várias competições locais, nacionais, chegou a ser uma das tops dos EUA, ficou em segundo lugar na internacional - representando os EUA - e tornou-se a juíza mulher mais jovem da liga. Ela também trabalha no Casino de Coconut Creek há 7 anos e com a promoção de eventos e shows dentro da liga do International Federation of Body Builders (IFBB).

Quando, depois de sentir muitas dores e receber o diagnóstico de câncer cervical, Mariane precisou parar tudo para iniciar as sessões de quimioterapia. Em dezembro, ela passou por uma histerctomia completa, cirurgia de retirada do útero.

“Foi bem difícil. Minha filha sentiu muito e começou a ir mal na escola”, diz. “Me apoiei na ajuda dos amigos, da babá de Isadora e de minha mãe, que eu pedi para vir do Brasil pela primeira vez para ajudar, depois da cirurgia”, lembra. “Eu sofri muito. A cirurgia foi muito delicada e minha filha via tudo e ficava preocupada. Uma vez ela chegou a me perguntar se ela seria adotada caso eu morresse”, relata Mariane, que há um mês descobriu que está curada.

Cuidando das pessoas como cuida da filha

Depois de 13 anos fora do High School, Bruna Brandão, mãe de Jade, de 6 anos, conseguiu realizar o sonho de receber o diploma de bacharel em Music Education, na Florida Atlantic University. “Sei que é difícil com trabalho e filho, mas é possível! E vale o esforço! Não me arrependo de nada!”, diz Bruna, que precisou sacrificar a vida social e muitas noites de sono ao longo dos últimos quatro anos.

Desde 2005, Bruna fazia algumas aulas, mas estava pagando muito caro. Em 2013 ela começou a estudar na FAU em tempo integral, além de dar aula particular de piano, trabalhar na Fundação Vamos Falar Português aos sábados e com edição de fotos. Ela finalmente se formou este mês.

Bruna tem familiares nos EUA, mas, como todos trabalham o dia todo, nem sempre pode contar com ajuda. “Meu esposo e eu nos revezávamos para buscá-la na escola e minha mãe ajudava uma ou duas vezes por semana. Quando nenhum de nós podíamos, recorríamos a amigos mais chegados ou baby-sitters”.